Bolaño, que já foi considerado o melhor autor latino-americano, criou também o Infrarrealismo. Quem foi esse autor e como era esse movimento?
O começo da jornada do autodidata
Roberto Bolaño Ávalos nasceu em 1953, na capital do Chile, Santiago. Na sua infância, sua aparência era a de um menino franzino, viciado em leitura e ansioso. Com 15 anos resolve parar de estudar para começar uma carreira literária. Nos anos 70, como socialista, resolve apoiar Salvador Allende. Mas com o golpe de Pinochet, acaba sendo apreendido pela polícia e passa pouco mais de uma semana na prisão.
Apesar desse começo nada fácil da juventude, ele se muda para o México e obtém bastante sucesso ao publicar “Os Detetives Selvagens”, em 1998, após cinco trabalhos anteriores. Nessa mesma ocasião, junto com Mario Santiago, funda o Infrarrealismo — corrente derivada do Surrealismo. Entre suas influências, encontram-se Jorge Luis Borges e Julio Cortázar.
Depois que saiu do Chile, Roberto só voltou uma vez para o país. Por ter sido um militante contra Isabel Allende, sua presença ali realmente chamaria bastante atenção. Não obstante, os intelectuais consideravam sua obra muito mais pessoal que militante ou engajada. Inclusive se faz uma analogia de que ele se aproximava mais da Geração Beat que das bombas.
No ano de 1992, ele foi diagnosticado com uma doença hepática e por causa dela faleceu aos 50 anos de idade, na fila do transplante de fígado.
Estilo literário de Roberto Bolaño
As obras mais importantes do autor foram romances, não poemas. Além disso, ele era boêmio na vida adulta. Só passou a produzir efetivamente nos anos 90. “Os Detetives Selvagens”, “2666” e “Noturno do Chile” foram as suas principais criações.
Os Detetives Selvagens
O livro em si é como uma série de relatos de viagens e outras aventuras de Arturo — personagem que pode ser um alter-ego de Ávalos. O protagonista sai do México até a Europa, além de Israel e outros países próximos. Nesse livro, Roberto menciona o Real Visceralismo pela primeira vez, em sua fundação.
2666
Já nesse romance, a Ciudad Juárez (fronteira entre o México e os EUA) é cenário de uma série de homicídios. O tom da narração é apocalíptico e é cheio de personagens, mas centrado em Benno von Archimboldi, escritor alemão. Foi uma obra que levou bastante tempo para ser escrita e foi publicada só em 2004, postumamente. São mais de 1100 páginas, divididas em cinco partes; apenas meia parte não foi escrita por Roberto.
Noturno do Chile
É um compilado de pensamentos de um padre jesuíta e poeta falido, Sebastian. Até que ele recebe a tarefa de ir para a Europa estudar a preservação de igrejas. Um dos pontos fracos no processo de conservação das igrejas são as fezes de pombo, então Sebastian é obrigado a presenciar falcões treinados matarem as aves. A história basicamente aborda o cruel de forma literária e artística.
Infrarrealismo
O marco dessa corrente foi quando Roberto Bolaño escreveu um manifesto chamado “Deixem tudo, novamente”. A ideia era que os poetas saíssem às ruas para buscar uma nova forma de sentir, uma imersão na consciência humana e no seu cotidiano. Esses poetas deveriam se afastar da rede oficial de cultura, virar-se contra a burocracia e de toda forma de poder.
Em consequência disso, os escritores não fechariam contratos com grandes editoras e ficariam à vontade para consumir bebidas alcoólicas durante as reuniões infrarrealistas. A partir dos anos 90, esses literatos marginais passariam a chamar eles mesmos de real visceralistas. Para finalizar, acesse esta resenha sobre “Os Detetives Selvagens”, o livro que traz as bases do Infrarrealismo.