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Jose Craveirinha – Biografia

Considerado o maior poeta de Moçambique, José Craveirinha,(28/05/1922-06/02/2003) foi um jornalista, poeta e escritor moçambicano. Nascido em Maputo, Moçambique, filho de um pai português e uma mãe negra da etnia Ronga, Craveirinha foi criado na língua e cultura de Portugal.

O Jornalista e poeta

Como jornalista, contribuiu para numerosas revistas e jornais moçambicanos, incluindo Voz de Moçambique, Voz Africana, O Brado Africano, entre outros. Foi um dos pioneiros africanos do movimento Negritude e publicou seis livros de poesia entre 1964 e 1997. Craveirinha também escreveu sob os pseudônimos Mário Vieira, José Cravo, J. Cravo, JC, Abílio Cossa Jesuíno Cravo e José G. Vetrinha.

Sua esposa, Maria, morreu em outubro de 1977. Craveirinha escreveu numerosos poemas após sua morte que foram publicados pela primeira vez sob o título Maria em 1988, e de uma forma muito mais completa em uma segunda edição em 1998.

Seus poemas, escritos em português, abordam questões como o racismo e a dominação colonial portuguesa de Moçambique. Um apoiante do grupo anti-português Frelimo durante as guerras coloniais, ele foi preso na década de 1960. Sofreu a influência do surrealismo, revelando uma natureza muito popular. A sua poesia tem uma natureza social baseada nos estratos mais profundos do povo moçambicano.

Familiarizou-se com outros poetas do período através de seu jornalismo, notadamente Rui de Noronha (1909-1943), Marcelino dos Santos (1929) e Noêmia de Sousa (1926-2003). Suas obras eram principalmente de natureza política. Temas consistentes em seu trabalho foram a autodeterminação africana, imagens da paisagem africana e a escrita que refletia a influência das línguas africanas.

Entrada para a Política e Prisão

Craveirinha iniciou a sua atividade política na Associação Africana de Lourenço Marques nos anos 50, uma organização tolerada pelo governo colonial português e mais tarde tornou-se o seu presidente. Ele se envolveu na política clandestina neste período e tornou-se membro de uma célula da Frelimo, o movimento líder para a libertação de Moçambique do domínio Português.

Foi encarcerado em solitária pelo regime fascista da PIDE em 1965, um ano após a publicação de sua primeira coletânea de poesia, Chigubo; sua liberdade só veio em 1969. Quando a Frelimo tomou o poder em 1974, foi nomeado vice-diretor da imprensa nacional. Craveirinha foi o primeiro presidente da Associação dos Escritores Moçambicanos e serviu desde 1982 e 1987.

Craveirinha também jogou futebol e treinou outros atletas. Ele arranjou uma bolsa de estudos esportiva nos Estados Unidos para Maria de Lurdes Mutola, que ganhou uma medalha de ouro em atletismo nas Olimpíadas em 2000, e seu filho Stelio também realizou o recorde nacional de salto em distância.

Premiações

Em 1997, Craveirinha recebeu o Prémio Camões: a maior honra do mundo para a literatura lusófona, em 1991.
Ele é considerado o primeiro escritor africano a ganhar o prêmio, e indicado várias vezes ao Prêmio Nobel de Literatura.

Em 2003, a associação estabeleceu o Prémio José Craveirinha de Literatura, José Craveirinha. No mesmo ano,  foi declarado “herói nacional” pelo presidente Joaquim Chissano, de Moçambique, que elogiou a contribuição literária do escritor na luta contra o colonialismo.

Apesar de sua aclamação literária, Craveirinha hesitou em ter seus trabalhos impressos, e um grande corpo de suas obras dos períodos pré e pós-colonial permanece inédito.

O escritor e poeta morreu aos 80 anos de idade, em tratamento em Joanesburgo, África do Sul, em 2003.

Luciana
Jornalista e editora, mestre em rádio e televisão.

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