Tony&Susan
Dezessete anos depois da primeira publicação, a editora Intrínseca re-lança a nona edição da obra de Austin Wright: Tony&Susan. Alguns editores americanos classificam o livro como o “mais impressionante obra de arte da ficção americana desde Revolutionary Road, de Richard Yeats”, publicado no Brasil como Foi apenas um sonho.
O escritor norte americano, falecido em 1993, conta a história de Susan Morrow que depois de 25 anos separada de Edward Sheffield (seu primeiro marido) recebe, pelo correio, um embrulho que contém o manuscrito do primeiro romance de Edward, que deixa claro que precisa da avaliação de Susan sobre sua obra, já que ele a considera sua melhor crítica. Após relutar muito, a curiosidade inata de Susan a impulsiona a começar a ler o livro. Em busca de compreender Edward, ela acabará encontrando respostas para si mesma, sua própria vida e embarcando em uma viagem pelo passado.
O que me chamou atenção no livro foi a forma como Wright intercala a narrativa entre o livro de Edward e a leitura que Susan faz dele, expondo suas opiniões e reações às escolhas feitas pelo ex para conduzir a história. Tony e Susan é diferente de tudo que eu já li, exige toda a atenção por ser uma leitura complexa e confusa, mas ao mesmo tempo magnífica já que conduz duas histórias na mesma narrativa.
Enquanto percorremos junto com Susan as páginas datilografadas de Animais Noturnos e acompanhamos o drama e a dor do personagem criado por Edward em seu romance, nos envolvemos com os dois enredos e acabamos levantando questões como: O que será das personagens? Como o autor vai seguir com a história? Porque Susan sente tanto medo da leitura?
Tentando resumir o que senti, posso dizer que Tony&Susan foi um desafio literário. A leitura complexa, as emoções dobradas, os pensamentos de Susan, as angústias do protagonista criado por Edward e a narrativa de Austin comprovam a opinião dos críticos ao classificar a obra como impressionante.
Diferente de todos os romances que já li, recomendo que leiam Tony&Susan e sejam tão surpreendidos quanto eu.
