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Giovanni Bellini

Giovanni Bellini nasceu numa família formada por artistas. A família formava uma dinastia reconhecida de pintores, seu pai Jacopo e seu irmão mais velho Gentile eram artistas reconhecidos na Veneza do século XV e Giovanni Bellini (1426-1516) permaneceu entre os limites venezianos por toda sua longa carreira como pintor e estudioso das cores e da luz natural como elemento de construção de imagem. 

O criador de “Agonia no Jardim”, de linhas delicadas que imaginavam a Virgem Maria e de pequenos painéis com temática religiosa, teve seu talento reconhecido em vida. No começo do século XVI, coube a Albrecht Dürer, ilustrador e matemático, escrever sobre Giovanni Bellini: “é muito velho e, no entanto, é o melhor pintor de todos”. 

Cores, texturas e Veneza na obra de Bellini

A obra de Bellini retrata o divino, mas não deixa de fora o compromisso renascentista com os traços anatômicos do ser humano. Além de ter em sua família de origem uma lista de pintores, Giovanni Bellini era cunhado de Mantegna – grande pintor da região da Itália setentrional. Os fundos das imagens eternizadas por Bellini são cheios de texturas naturais, como os contornos de pedras e troncos de árvore. 

Se no primeiro plano, na figura central há o rosto com características renascentistas do século XV, por exemplo, como o que acontece com as criações de Bellini com a Madonna. No fundo, fora da tela, a vida exterior continua. A cortina que separa a pintura do mundo real é empurrada. Cavalos, muros, arbustos, a paisagem árida e sombria contrastam com as cores vivas típicas do pintor veneziano. A paleta colorida usada na obra de Bellini foi herdada de seu pai Jacopo que tinha características parecidas no seu trabalho.

As imagens sacras de Giovanni Bellini

Retábulos (painéis com temática religiosa usados em altares) grandiosos marcaram a obra de Giovanni Bellini. O retábulo de San Giobbe (São Jó), datado de 1487, reúne a Virgem Maria, São Sebastião, São João Batista e São Francisco que chama os fiéis ao encontro dos santos de tempos diferentes. A cena do encontro de fé em que Cristo está presente como um bebê. O  retábulo de San Zaccaria, que começou a ser criado em 1505, para uma igreja de Veneza, reúne também, assim como o retábulo de São Jó mostra diferentes santos que chamam as pessoas para a fé. 

Nas duas obras, Bellini usa a perspectiva e os estudos de Brunelleschi, Donatello e Piero della Francesca como inspirações. A ideia era que a profundidade das cenas sacras desse maior sensação de realidade. A geometria usada com afinco pelos primeiros pintores da renascença italiana também tem lugar na obra de Bellini. 

A pirâmide de Bellini e a Virgem Maria

A Virgem Maria, tanto nos retábulos como em outras obras onde a mãe de Cristo é a protagonista da cena, é uma forma geométrica formada por cores vibrantes em forma de pirâmide. A pirâmide formada pelo corpo e contornos do corpo da mãe forma um campo de proteção e equilíbrio para o Jesus bebê e para a fé cristão. 

A matemática tão necessária para dar elegância, simetria e respeitabilidade para a arte renascentista é também vista na arte de Giovanni Bellini. As obras, que focam na cena de carinho maternal entre Jesus e sua mãe, são estudadas para provocar a ilusão de proteção e amor. Bellini usou o artifício das linhas horizontais e divisões simétricas para a confecção dos quadros. 

As mudanças na longa vida de Giovanni Bellini

Os quadros “Madonna del Prato”, “Madonna col bambino” exemplificam o uso da matemática como ferramenta para a perfeição e desejo de seguir a ciência. Lembrando que o pintor e artista, como trabalhador intelectual e artístico, é uma herança da Renascença, por isso o apreço dos pintores pela ciência o que dava certa respeitabilidade para as obras. 

A relação entre Maria e Jesus é assunto para várias obras da longa vida artística de Bellini. Se nos quadros citados anteriormente, há uma atmosfera de tranquilidade, Bellini retrata o sofrimento da mãe envelhecida com o filho morto nos braços, como o que ficou imortalizado em “Pietà”. Esse que é um dos quadros mais famosos do renascimento veneziano, a mãe aparece no chão segurando o corpo do filho enquanto a Veneza de Bellini aparece ao fundo. Bellini viveu mais de 80 anos e não deixou de retratar sua cidade natal. 

Outras obras para conhecer mais: 

Banquete dos deuses: Bellini, Ticiano e Giorgione tinham técnicas e  estética muito parecidas e o quadro pintado na velhice de Bellini foi retocado e alterado. O tema do cristianismo fica de lado na obra retirada de “Fastos”, de Ovídio. Na imagem, um grupo de deuses está numa comemoração feita pelo deus Baco. 

A Santa Conversação mostra a cena onde estão a Virgem Maria e o Menino Jesus além da profetisa Ana. 

 

Luciana
Jornalista e editora, mestre em rádio e televisão.

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