Carolina Noêmia Abranches de Sousa Soares, mais conhecida apenas como Noêmia de Sousa, foi uma tradutora, jornalista, poeta e militante revolucionária de Moçambique. Ela é conhecida como a “mãe dos poetas moçambicanos”. Conheça um pouco da sua vida.
Vida
Noêmia de Sousa nasceu no dia 20 de setembro de 1926 em Catembe, Moçambique. Ela era filha de Clara Bruheim Abranches de Sousa, que era uma comerciante com origem germânica e goesas, e de Antônio Paulo Abranches de Gama e Sousa, um funcionário do Governo colonial, empregado no Banco Ultramarino, que tinha ascendência portuguesa e africana.
Quando Noêmia tinha apenas 6 anos de idade, a família se mudou para Loureno Marques. Após a morte de seu pai em 1932, ela começou a estudar no curso pós-laboral de comércio na Escola Técnica e publicou seus primeiros poemas ainda no jornal da escola.
Ela também chegou a estudar no Brasil, e publicou alguns trabalhos no jornal O Brado Africano.
Nos anos 40 ela viveu em uma casa de madeira em Maputo. Foi ali que ela começou a escrever poemas que se tornaram símbolos do nacionalismo africano, como as obras “Deixa passar o meu povo”. Só saiu de Maputo por motivos políticos, em 1949.
Entre os anos de 1951 e 1964, ela morou em Lisboa, onde trabalhava como tradutora. Entretanto, por causa da sua posição política, que era em oposição ao Estado Novo, acabou se exilando em Paris, onde trabalhou no Consulado de Marrocos. Nesse período, ela começou a adotar o seu pseudônimo Vera Micaia.
As suas obras estão dispersas em diversas revistas e jornais. Durante a sua vida, ela colaborou com publicações no Brado Africano, Notícias do Bloqueio, Moçambique 58 e outras plataformas. Trabalhou em Porto, Coimbra, Luanda e Brasil, países onde morou por um tempo.
Como jornalista de agências de notícias internacionais, ela passou a viajar por toda a África durante as lutas independentistas que vários países atravessavam. Continuou escrevendo poesia até regressar a Lisboa em 1975, onde trabalhou na Agência Noticiosa Portuguesa.
Em 2001, a Associação do Escritores Mçambicanos publicou o livro Sangue Negro, que reúne as poesias de Noêmia de Sousa escritas entre os anos de 1949 e 1951. A sua poesia está representada na antologia de poesia moçambicana Nunca mais é Sábado, organizada por Nelson Saúte.
Ela teve diversas poesias durante a vida, que foram publicadas no Sangue Negro em 2001. Depois de sua morte, também foi publicado novamente em 2011 em Moçambique e em 2016 no Brasil, através do Kapulana.
Ela faleceu no dia 4 de dezembro de 2002, em Cascais. Deixou um grande legado para os poetas africanos, principalmente para os Moçambicanos, seus filhos.