A metaficção é, em seu sentido original, um estilo de texto que revela de forma proposital os mecanismos de produção de um trabalho literário. Por extensão e em um uso mais recente, ela serve também para designar algumas outras expressões artísticas.
Histórias e romances que experimentam, examinam ou zombam de convenções da própria ficção podem ser taxadas como metaficção. O termo significa literalmente “além da ficção” ou “sobre a ficção”, indicando que o narrador ou autor está acima do texto ficcional e o observa ou julga de maneira autoconsciente.
É importante ressaltar que, ao contrário da análise ou crítica literária, a metaficção em si é ficcional. Simplesmente falar sobre a obra de ficção não torna o trabalho uma metaficção. Ainda está confuso? Compreenda melhor a metaficção nos próximos tópicos.
Exemplos de metaficção
Essa prática não se restringe à literatura moderna. É possível notar a metaficção sendo utilizada nos “Contos de Canterbury”, obra de Chaucer, um escritor do século XV. É possível perceber também o uso dessa prática nos livros de Miguel de Cervantes, “Dom Quixote”. Essas duas obras são consideradas obras primas do gênero.
O trabalho de Chaucer conta a história de um grupo de peregrinos que se dirigem a um santuário de São Tomás Becket, que conta as suas próprias histórias como uma parte de competição para ganhar uma refeição grátis.
Já em “Dom Quixote” se conta a história do homem de La Mancha que se inclina em moinhos de ventos para restabelecer as tradições da cavalaria.
São dois livros importantes para quem pretende compreender o uso da metaficção no seu estado puro, sendo obras antigas que já utilizavam essa técnica que para alguns é inovadora.
Metaficção e Sátira
Um tipo proeminente de metaficção que é bastante usada é a paródia literária ou a sátira. Embora as obras sempre envolvem narração autoconsciente, elas ainda são classificadas como uma metaficção pois chamam atenção para gêneros e técnicas de escritas populares.
Entre os exemplos mais consumidos desse tipo de metaficção estão “Northanger Abbey”, de Jane Austen, que apresenta um romance gótico e a zombaria despreocupada. O livro “Ulysses”, de James Joyce, reconstrói e satiriza os estilos de escrita ao longo da história da língua inglesa.
O livro clássico “As Viagens de Gulliver”, de Jonathan Swift, é um clássico do gênero, que faz paródia de políticos contemporâneos, mesmo que notavelmente muitas das referências do autor sejam disfarçadas de forma exemplar, ele consegue transmitir as ironias através de todo o livro.