Um dos maiores nomes da arte brasileira, Aleijadinho transformou Minas Gerais em um grande mural ao ar livre e, nas igrejas por onde passou
Aleijadinho foi um entalhador, escultor e arquiteto brasileiro que viveu no período colonial. As suas obras estão localizadas em diversas cidades como em Ouro Preto (antiga Vila Rica), São João Del-Rei, Tiradentes, Mariana, Morro Grande, Sabará e Congonhas do Campo.
Os Doze Profetas, que foram entalhados em pedra-sabão, voltados para o terraço de “Santuário de Bom Jesus de Matozinhos”, em Congonhas do Campo; os Sete Cristos, para as seis “Capelas dos Passos”; a Capela de São Francisco de Assis em Vila Rica, são testemunhos do desenvolvimento artístico de Minas Gerais, no século do ouro.
Ele faz parte da história dessas cidades graças as suas obras eternas, que falam muito sobre o processo histórico das cidades e do Brasil daquele período. Confira um pouco mais sobre a vida desse artista.
Infância
Aleijadinho, nascido Antônio Francisco Lisboa, veio ao mundo em Vila Rica, atual Ouro Preto, em Minas Gerais, no dia 29 de agosto de 1738, de acordo com a maior parte de seus biógrafos.
Ele era filho de um português chamado Manuel Francisco Lisboa, que foi para Minas em 1724 e logo começou a trabalhar como escultor e carpinteiro.
Depois de dois anos, seu pais se casou com Antônia, sua mãe de consideração, que teve também outros 3 filhos além de aleijadinho. O pai de Aleijadinho teve o artista depois de uma relação com a escrava Isabel.
Aleijadinho estudou as primeiras letras, música e latim, com os padres da antiga Vila Rica. Ele teve como mestres em arte os portugueses Francisco Xavier de Brito e João Gomes Batista.
Ele começou a aprender a entalhar e a esculpir ainda criança, olhando o trabalho do seu pai que esculpia uma enorme variedade de figuras religiosas em madeira, além do seu tio Antônio Francisco Pombal, que era um importante entalhador da Vila.
Contexto Histórico
Na primeira metade do século XVIII, em Minas Gerais, as construções para a religião eram, acima de tudo, das igrejas paroquiais e, para evitar qualquer contrabando do ouro das minas, o governo passou a impor que só ficasse na capitania dos padres que de fato davam assistência para os paroquianos.
Diversos padres se juntaram para criar as irmandades e confrarias,pois não justificaram a permanência naquela região. Eles então passaram a contribuir para o aumento do número de construções da religião naquele estado.
Assim que a situação da economia ia melhorando por causa do ouro, na segunda metade do século começaram a aparecer as poderosas construções em alvenaria e pedra.
Obras de Aleijadinho
Aleijadinho desenvolveu as suas atividades de entalhador, projetista e escultor no período de ouro nas Minas Gerais. Os seus projetos, estátuas e talhas, no estilo Rococó e Barroco, estão presentes nas construções de caráter religioso de inúmeras cidades de Minas.
Um de seus trabalhos mais famosos com certeza é o Santuário de Bom Jesus de Matozinhos. Essa obra foi iniciada no ano de 1758 e fica localizada em Congonhas do Campo. A sua plena imita o Santuário de Bom Jesus de Braga, que fica em Portugal. A escadaria é ornada por doze estátuas dos profetas (1800-1805).
A rampa responsável por conduzir ao Santuário de Bom Jesus está ladeada por seis capelas “Capelas dos Passos” onde possuem 66 imagens, em cedro, com tamanho natural, mostrando as cenas da clássica Paixão de Cristo, entre elas: Cristo Carregando a Cruz. Essa obra é até hoje considerada o melhor conjunto de imagens referentes ao Barroco brasileiro.
Aleijadinho também projetou a Igreja da Ordem Terceira de São Francisco de Assis, que fica localizada em Ouro Preto, iniciada em 1766, além de ter elaborado o frontispício, as imagens das três pessoas da Santíssima Trindade, as imagens dos anjos que adornam o altar principal.e a pia batismal, além de outros trabalhos espalhados por Minas Gerais.
Doença e morte
No ano de 1777, quando ele estava no auge da sua fama, começaram a aparecer os primeiros sinais da sífilis ou da lepra, pois não se sabe corretamente qual foi a doença que o deixou debilitado.
Porém, essa doença foi a responsável por interromper as atividades de Aleijadinho. Uma pessoa ajudava levando o artista para todo canto, além de ataca-lhe às mãos o martelo, o cinzel e a régua.
Mesmo sofrendo com o preconceito por ser mestiço e acometido por essa doença, a genialidade de Aleijadinho acabou o consagrando como projetista e escultor muito admirável. Com certeza ele foi o maior gênio da arte no Brasil colônia.
Aleijadinho veio a falecer no dia 18 de novembro de 1814, em Ouro Preto, no estado de Minas Gerais. O seu corpo foi sepultado na Matriz de Nossa Senhora da Conceição do bairro de Antônio Dias, junto ao altar da Confraria de Nossa Senhora da Boa Morte.