A vida e carreira de Cecília Meireles, uma das maiores artistas do Brasil
Cecília Meireles foi uma importante professora, pintora, jornalista e poetisa brasileira. Ela foi a primeira mulher que teve grande expressão dentro da literatura do Brasil, conseguindo publicar mais de 50 obras. Com apenas 18 anos ela fez a sua estreia na literatura com a obra “Espectros”, e a partir desse momento começou a trilhar sua carreira.
Cecilia fez parte do grupo literário da Revista Festa, que era um grupo conservador e católico. Graças a esse vínculo ela herdou uma tendência mais puxada para o espiritualismo, característica que percorreu boa parte dos seus trabalhos. Apesar de ser mais conhecida pelo seu trabalho como poetisa, ela deixou grandes contribuições no domínio da crônica, conto, folclore e literatura infantil. Conheça um pouco mais sobre a trajetória dessa grandiosa artista brasileira.
Juventude e formação
Cecília Meireles, nascida Cecília Benevides de Carvalho Meireles, nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 7 de novembro de 1901. Ela perdeu o seu pai com poucos meses antes de nascer, e a sua mãe logo após fazer 3 anos. Sem seus pais vivos, acabou sendo criada pela sua avó materna, uma portuguesa chamada Jacinta Garcia Benevides.
Ela fez seu curso primário na Escola Estácio de Sá, e foi lá que ela ganhou das mãos do Olavo Bilac a medalha de ouro por ter realizado o curso com distinção e louvor. No ano de 1917, se formou como professora na Escola Normal do Rio de Janeiro, Ela também estudou música e línguas nesse mesmo período.
Carreira literária
No ano de 1919 ela lançou a sua primeira obra de poemas, chamada “Espectros”. Esse trabalho tinha 17 sonetos de temas históricos. No ano de 1922, por causa da Semana de Arte Moderna, ela fez parte do grupo da Revista Festa, junto com Tasso da Silveira, Andrade Muricy e outros. Esse grupo defendia a preservação dos valores tradicionais da poesia e o universalismo. No mesmo ano, Cecília casou- se com o artista plástico de Portugal Fernando Correia Dias, com quem teve três filhas.
Ela estudou folclore, literatura e teoria da educação. Também colaborou muito com a imprensa carioca quando escrevia folclore. Cecília trabalhou como jornalista nos anos de 1930 e 1931, chegando a publicar diversos artigos sobre a educação. Em 1934, ela criou a primeira biblioteca infantil no Rio de Janeiro. O interesse de Cecília pela educação se transformou em livros didáticos e poemas infantis.
No mesmo ano, sendo convidada pelo governo de Portugal ela decidiu viajar para o país, chegando a proferir algumas conferências onde divulgava o folclore e literatura do Brasil.
Professora
Cecília de aulas de Literatura Luso-Brasileira na UFRJ entre os anos de 1936 e 1938. Nesse último ano, o seu livro de poemas “Viagem” ganhou o Prêmio de Poesia, da Academia Brasileira de Letras. No ano de 1940 ela se casou novamente, dessa vez com o engenheiro agrônomo e professor Heitor Grilo.
Ainda em 1940, a escritora deu aulas de Cultura e Literatura Brasileira na Universidade do Texas. Também proferiu conferência em relação a literatura do Brasil em Coimbra e Lisboa.
Características da obra de Cecília Meireles
Em sua trajetória, Cecília Meireles nunca esteve de fato integrada a nenhum movimento da literatura. A sua poesia, de um modo mais generalizado, se filiou a algumas tradições da lírica luso-brasileira. Mesmo assim, as suas publicações do início evidenciam uma certa inclinação ao Simbolismo, e reúnem um pouco de individualismo, religiosidade e desespero.
Existe também um misticismo no campo da solidão, mas há uma consciência do seu destino e dos seus dons. A utilização com frequência dos elementos como o tempo, o mar, o espaço, a água, o ar, a música, o vento e a solidão confirmam também uma inclinação neossimbolista.
É apenas no livro Viagem, de 1939, que a poetisa ingressou dentro da escola modernista no seu espírito poético. Cecília Meireles foi bem cuidadosa com a seleção vocabular e também teve uma forte inclinação para a musicalidade, que é um traço ligado ao simbolismo.
Morte e legado
Cecília Meireles morreu na cidade do Rio de Janeiro, em 9 de novembro de 1964. O seu corpo foi velado no Ministério da Educação e Cultura, uma forma de reconhecer a sua contribuição e vinda para a cultura do país.
Ela foi homenageada pelo Banco Central, em 1989, com sua efígie na cédula de cem cruzados novos. O seu legado, porém, ultrapassa todas as homenagens. Ela tem seu nome cravado na prateleira dos maiores artistas e escritores do país, pois fez da poesia a sua principal maneira de expressar o seu lado artístico.