Francisco José do Nascimento mais conhecido como o Dragão do Mar ou como Chico da Matilde, foi um dos maiores líderes jangadeiros do Brasil, além de ter sido um notório abolicionista, tendo participado de maneira ativa dos movimentos abolicionistas do Ceará, que foi u, estado pioneiro no período abolição da escravatura, doravante conhecido como a Terra da Luz.
Francisco Nascimento nasceu em 15 de abril de 1839 no distrito de Canoa Quebrada, que fica localizado no município de Aracati, no Ceará; Ele nasceu em meio a uma origem bastante pobre sendo um filho de pescadores.
Depois da morte precoce de seu pai, a sua mãe procurou um trabalho para Chico, quando o mesmo era somente uma criança, fazendo com que ele se tornasse um garoto de recados nos navios que nadavam do Maranhão até o Ceará.
O paradeiro de túmulo do Francisco Nascimento — desconhecido há mais de 100 anos — foi achado pelo historiador cearense Licínio Nunes de Miranda somente em julho de 2020 em um trabalho investigativo e académico sobre o período de abolição da escravatura no estado Ceará.
Abolição da escravidão
Em 25 de março de 1884, o estado do Ceará se tornou tornou o primeiro a abolir a escravatura no Brasil. O Movimento Abolicionista Cearense, que surgiu no ano de 1879, contribui — ainda que não de forma decisiva — para a abolição pioneira.
Todas as ações ganharam repercussão no Brasil e os ativistas do abolicionismo cearense, gente da elite econômica e os intelectuais, foram congratulados por toda a imprensa abolicionista do país. Entre eles tinha, porém, um homem humilde, com a cor parda, um trabalhador do mar, ele era o Chico da Matilde.
Um chefe de jangadeiros, ele e os seus colegas foram se engajando à luta em janeiro do ano de 1881, abrindo mão de transportar para navios negreiros todos os negros escravos que iriam ser vendidos para o estado do Rio de Janeiro, tendo sida declara, segundo alguns pesquisadores, a grande frase “No porto de Ceará não embarcam mais escravos”.
Logo depois, em agosto de 1881, teve uma nova investida de embarcar os escravos que iriam ser vendidos para o Rio de Janeiro e também para São Paulo, contudo, novamente todos os jangadeiros, regidos pela liderança de Chico da Matilde e por José Napoleão (escravo liberto), fizeram a recusa de realizar o transporte e o porto de Ceará foi considerado, por todo o movimento abolicionista, como fechado para a circulação do tráfico interprovincial.
Ao passar do tempo, o nome de Chico da Matilde começou a ser conhecido como verdadeiro líder que ele era. Chico foi transportado para a corte com a sua jangada, e desfilou por meio das ruas, recebeu as homenagens do povo e ganhou o novo nome de Dragão do Mar ou de Navegante Negro. De lá, ele escreveu à mulher: “(…) o seu velho está muito tonto com tanta festa e tantos cumprimentos de tantas pessoas importantes”.
Legado do Dragão do Mar
Francisco do Nascimento se tornou um símbolo de resistência popular do Ceará contra a escravatura, e foi bastante homenageado pelos governos do Ceará, com o seu nome sendo dado para o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, pelo que Chico e os seus colegas abolicionistas realizaram na luta pela liberdade, em 1881, em Praia de Iracema.
Além do já referido Centro Dragão do Mar, existe uma escola pública do estado cujo o nome também presta homenagem ao Chico da Matilde, e localizada no bairro do Mucuripe, Escola de Ensino Médio Dragão do Mar.
Essa escola foi fundada no ano de 1955, com um objetivo de alfabetizar filhos dos pescadores que residiam na região àquele período.
Um importante grupo para estudos liberal com a sede no estado do Ceará também recebeu o título de Dragão do Mar como uma homenagem. Em Aracati, também é homenageado com seu nome a rua que permite o acesso a cidade pela BR-304 (sentido Icapuí) e no aeroporto regional.
Dragão do Mar faz parte da história cearense, e por isso seu nome é homenageado em diversos ambientes do estado. A sua memória sempre ficará viva se depender das pessoas que estudam e procuram saber mais sobre quem foi esse grande líder que lutou contra a escravidão no Brasil.