Adriano Botelho de Vasconcelos se tornou um nome importante na literatura angolana e na política de seu país. Viveu quase uma década num exílio consentido e, talvez por esta razão, sua poesia tenha muito de cosmopolita.
Nascido em 1958, em Malanje (Angola), Adriano Botelho de Vasconcelos é um premiado poeta angolano. Formado em Administração e Comércio também técnicos de Gestão. Esteve ligado a várias atividades de desenvolvimento comunitário e também atua como político em Angola.
Adriano foi diplomata em Portugal, onde exerceu o cargo de Adido Cultural da República de Angola, durante seis anos. Foi eleito deputado nas eleições de 2008 e é secretário-Geral da União dos Escritores Angolanos.
Início
Adriano Botelho começou a escrever no 4ª ano. Sua proposta de escrita, considerada como surrealista, não levou propriamente em conta o drama da colonização.
Porém, foi em sua vertente poética que Botelho se permitiu dar voz ao “outro”, opondo-se ao princípio estilístico da estandardização da linguagem angolana.
Em Lisboa, durante a sua estadia, Adriano Botelho lançou o Jornal Angolê, Artes e Letras; no Porto. Foi lá que reuniu mais de duzentos especialistas de literatura angolana e que possibilitou ao poeta a organização de textos sobre a obra de Agostinho Neto.
Com mais de 500 páginas e intitulada A Voz Igual, Ensaios sobre Agostinho Neto, a obra reuniu mais de 24 especialistas atuantes em várias Universidades dos diversos recantos do mundo. Adriano Botelho organizou também várias coletâneas, dentre as quais:
- Boneca de Pano: Colectânea do Conto Infantil Angolano (2005);
- Caçadores de Sonho: Colectânea do conto Angolano (2005) e
- Todos os Sonhos: Antologia da Poesia Moderna Angolana (2005).
Botelho também editou jornais em Angola e no Brasil. Ao longo da carreira, foi agraciado com o grande Prêmio Sonangol de Literatura, pela obra Tábua. Suas obras Olímias e Luanary foram adaptadas para o teatro.
Poesia de Adriano Botelho
De acordo com Jurema Oliveira, o discurso poético de Vasconcelos repousa na imaginação material e nos substratos da violência. Para ela, as vozes representadas na poesia do escritor guardam as marcas insólitas provocadas pelas ações violentas desmedidas. Esta prática independe de números, mas quando ela encontra respaldo no conjunto, no coletivo, torna-se mais perigosa.
Por essa razão, tanto nas práticas militares quanto nas revolucionárias a idéia de individualidade desaparece e dá lugar auma espécie de coerência grupal, um sentimento intenso de união, de vínculo aos princípios básicos da violência pela violência, que encontra motivação no ódio profundo contra os seus opositores, mas também contra os seus pares. (OLIVEIRA apud Pambazuka News)
Escrita com foco na coletividade
Como um típico contador de histórias, Vasconcelos cria um pacto com a tradição para manter viva a chama que alimenta a existência de toda uma coletividade. Sua poesia revigora o ritual de transmitir conhecimento com as experiências individuais e coletivas na arte de narrar.
Em sua obra, ele vai pouco a pouco adquirindo um status mágico, ritualístico ao universo da angolanidade. De acordo com Jurema Oliveira, Vasconcelos atinge a dimensão histórica do narrador/contador de histórias.
E é através dessa dimensão que ele cria um sistema de valores estéticos capaz de recuperar o espaço matricial da tradição à memória e à história. Com imagens sensoriais que transitam entre a poesia e a prosa, o autor representa, com toda a força que emana das palavras, as vozes silenciadas.
Vida política
A vida política de Botelho foi de altos e baixos. Se tornou deputado e chegou a ser presidente de seu partido após a renúncia do presidente anterior.
No ano passado, um artigo do jornal Angola 24 horas, afirmou que Botelho e sua família enriqueceu de forma grandiosa e com suspeitas. No entanto, nenhuma informação a mais foi encontrada desde então.
Para ler sobre a vida política de Adriano Botelho de Vasconcelos, basta clicar aqui, aqui e aqui.
O site O País, publicou uma entrevista com Botelho, que você pode ler clicando aqui.