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O Senhor March

Louisa May Alcott foi uma famosa escritora norte-americana. Com o livro Mulherzinhas, ela mostrou toda a sensibilidade e força das mulheres americanas em uma época marcada pela guerra. O livro de Alcott possui tanta abrangência, que se tornou referência em vários filmes e séries americanas, chegando às telonas estrelado por Winona Rider e Susan Sarandon.

Agora é a vez de Geraldine Brooks (autora do Best-seller As Memórias do Livro) fazer uma referência desta obra. Brooks  decidiu se basear no clássico de Alcott para escrever o premiado “O Senhor March”. Enquanto muitos comentam altivamente sobre as personagens femininas de Mulherzinhas, Alcott se interessou pelo personagem que menos aparece (porém, de peso imprescindível para a trama de Alcott) para este trabalho: o pai da família, o Senhor March.

Na história de Alcott, o Sr March se torna capelão do exercito durante a guerra civil americana. É baseado na ausência dele que se desenrola toda a história de Mulherzinhas. Geraldine busca mostrar como teria sido o período em que o pai das personagens passou no exército. Para conseguir isso, a autora utilizou cartas e documentos referentes ao pai de Alcott, que também serviu no exército naquela época.

A história é contada, em parte, por cartas escritas pelo Sr March a sua esposa e filhas. Logo em seguida cada capítulo relata em que circunstâncias se passam tudo àquilo que se passou enquanto ele escrevia a carta. A autora relatou mais que as aventuras, mas o pensamento que movia a personagem ali. Todos os ideais e convicções que o Sr March possuía são relatadas no livro.

Questões importantes como escravidão, a luta pela liberdade de todos os americanos e o direito de ler e escrever de todos são proclamadas e discutidas continuamente no livro. No desenrolar da história, ao esclarecer questões obscuras em Mulherzinhas, como a falência repentina da família (no livro relata-se que o pai perdeu tudo emprestando dinheiro a terceiros, mas nunca lhe pagam) e comportamentos mudados não bem esclarecidos (a mãe das meninas afirma que o temperamento estourado de Jô é idêntico ao dela, e que foi mudado com a ajuda do pai das meninas) é mais bem esclarecida por Geraldine.

Se aproveitar de um livro já existente para criar outro não é algo novo. Diversos autores já se basearam ou se inclinaram a utilizar fontes já conhecidas para isso. Diversos autores ganham espaço ao falar sobre livros do Dan Brown (O Código Da Vinci), Rhonda Byrne (O Segredo) e  Philip P Young (A Cabana), entre outros.

Talvez por isso Geraldine já mostre desenvoltura para escrever livros assim. Jornalista, já sabe como buscar informações e utilizar os fatos de forma a instigar os mais diversos leitores. Em o Senhor March ela foca mais no ser humano, suas fraquezas, seu caráter e medos. Não procura criar um herói clichê (aquele que está sempre pronto a salvar todos), mas um ser humano que possui medos, se machuca, teme a morte e, até mesmo, perde a reação no momento mais importante da história.

O Senhor March criado por Geraldine é um homem como qualquer um. O seu diferencial é seu caráter e seus sonhos. Enquanto muitos lutam para destruir o inimigo, ele procura salvar todos que cruzam seu caminho. Seu desejo é libertar os negros, ensiná-los a ler e escrever, a terem suas próprias opiniões. Suas pregações são sobre perdão, sobre o livre arbítrio que possuímos e não sobre pecados e condenações.

Ao chegar à questão religiosa talvez se torne um ponto importantíssimo no livro. Apesar de não ser constante, não há como não fugir das partes onde o ideal cristão do Senhor March é revelado. Em Mulherzinhas, o livro O Peregrino (John Bunyan) é usado como base de comparação na vida das personagens, mostrando o lado cristão (mais ético do que religioso). Geraldine já mostra como o Senhor March vê o cristianismo. Nada de dogmas ali é empregado. Um cristianismo simples e claro, que busca não condenar, mas amar. Isso gera conflitos com os demais companheiros do Senhor March, mas retrata aquilo que muitos que vivem (até mesmo nos tempos de hoje)  quando têm um pensamento mais “aberto” ao cristianismo.

Luciana
Jornalista e editora, mestre em rádio e televisão.

12 thoughts on “O Senhor March

  1. Não sou mto fã desses livros, mas o importante é muito deles são leitura obrigatória nos ônibus. Já deu pra perceber isso. Um passo importante na conscientização de que a leitura é sempre bem vinda.

  2. ainda não tive oportunidade de ler esse livro mas me interessei pelo conteudo, vou procurar ler…afinal tudo que se refere a religião…sempre se torna algo polêmico…

  3. Haha!
    Interessante que vc publicou este post para comentar o livro “O Senhor March” mas eu aadorei o enrredo de “mulherzinhas”. Sei lá, concordo com Silvio de Abreu, o universo feminino é mais fascinante, os personagens mais densos.
    Não li os livros mas creio que eles são bons, adoro ler!
    Sorte no blog!

  4. Que interessante, Luciana!

    Já tinha ouvido falar desse livro, mas não havia me chamado muito a atenção. Adoro Mulherzinhas, que li muitas e muitas vezes desde a infância, e acho que a história do pai delas deve mesmo preencher algumas lacunas. Pretendo lê-lo assim que possível.

    Da série de Louisa M Alcott li também A rapaziada de Jô, que é a última parte da história e conta o que aconteceu com a segunda geração: filhos, sobrinhos e alunos da escola fundada por Jô e o Sr Bhaer. Entre um e outro há mais alguns livros, mas ainda não os li.

    Parabéns pela resenha tão boa, e um grande abraço!

    Cristine
    (blog Rato de Biblioteca)

  5. terra…

    nao sabia que havia uma terceira parte….li a segunda (que é dificil encontrar ultimamente)…vou procurar.

    viu como é bom comentar? trocamos idéias e temos novas descobertas.

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