Bradstreet foi uma escritora inglesa que realmente lutou como uma garota — em pleno século XVII. Saiba quem foi esse ícone feminino e o seu legado.
Vivendo em uma época dominada por homens, e criada em uma família puritana. Bradstreet mostrou seu talento e conquistou seu lugar ao sol e passou a frente de diversos homens, se tornando a primeira escritora a ter uma obra publicada nas Américas.
Quem é Anne Bradstreet?
Anne nasceu na Inglaterra de 1612, era filha de Dorothy Yorke e Thomas Dudley — um administrador que se tornou um importante superintendente de Massachusetts.
Sua educação foi sólida, com aulas de história, idiomas e literatura — em um contexto em que garotas eram proibidas de estudar. Casou-se aos 16 de anos de idade com Simon Bradstreet e depois se mudou com a família para os EUA.
“A Dialogue between Old England and New” é um escrito sobre episódio. Eles emigraram devido à insatisfação com o governo, já que eram puritanos e o texto narra como as condições de vida eram melhores nos Estados Unidos.
Em 1632, Anne teve seu primeiro filho: Samuel. Embora ela tivesse contraído Varíola quando adolescente, ela foi mãe de oito filhos. Mas com o passar dos anos a doença apareceu de novo: paralisias nas articulações. Ela e seu marido se dedicaram como pais e, dois de seus filhos, Samuel e Simon, se graduaram na Universidade de Harvard.
A família Bradstreet contribuiu notavelmente para a fundação da universidade, tanto que hoje existe um portão, em um dos dormitórios, chamado “Bradstreet Gate”, em homenagem à Anne — primeira poeta a publicar sua obra nos EUA, em 1650.
Em 1666, houve uma fatalidade e a casa dos Bradstreet queimou em um incêndio, deixando-os com poucos pertences. Além disso, Anne contrai Tuberculose e fica de luto recorrentemente por vários entes queridos, nesse período ela se torna ainda mais religiosa. Infelizmente a doença respiratória a vence e Anne acaba falecendo aos 60 anos de idade.
Anne Bradstreet e o feminismo
Como leitora ávida, tendo mais de 9000 livros em sua biblioteca pessoal, Anne era capaz de escrever até mesmo poemas épicos. Desde jovem ela já lia Virgílio, Plutarco, Ovídio e outros. Mas sua zona de conforto eram textos sobre seu cotidiano, dirigidos a familiares e amigos próximos.
Depois que o seu cunhado publicou seus escritos pela primeira vez, possivelmente sem ela saber, em 1650, ela escreveu um poema declarando que estava envergonhada pela publicação, com erros gramaticais os quais ela não pôde corrigir a tempo. Outros temas abordados normalmente eram os religiosos e sobre seu estilo de vida puritano; casa, filhos, esposo.
Mesmo cuidando de oito filhos e cumprindo com dedicação seu papel de mulher, já que escrevia poemas extremamente amorosos para o marido, Anne escrevia com afinco. Ela é concebida hoje como poeta puritana e feminista, sobretudo porque defendia que as mulheres pudessem escrever e argumentar sobre temas que, na época, eram masculinos, como política e religião.
Contribuição intelectual da escritora puritana
Além de destaque para o movimento feminista, a escritora teve uma bagagem muito forte de retórica e educação clássica. Por isso nos seus poemas é possível notar até mesmo várias técnicas de argumentação e debate, como a dialética. Jogos de semântica também podem ser comuns em sua obra; quando em um trecho aparenta modéstia e submissão, na verdade, trata-se de retórica.
Com maestria, ela era capaz de transitar por dois argumentos inversos (em vez de ir diretamente no ponto de vista pessoal). Inclusive, nos primeiros anos de funcionamento da Universidade de Harvard, os graduandos também eram educados com retórica e clássicos gregos; algo que infelizmente se perdeu com o tempo.
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