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Peixe Grande

Salve, salve rapaziada! Na área novamente e dessa vez para falar sobre um belo filme: Peixe Grande (Big Fish, EUA, 2003, 125 min. Elenco: Ewan McGregor, Albert Finney, Billy Crudup, Jessica Lange, Marion Cotillard, Helena Bonham Carter, Matthew McGrory, Steve Buscemi, Alison Lohman e Danny DeVito).

Diferente da crítica anterior, onde “me recusei” a assistir “Corra!” à época do seu lançamento e também expliquei o motivo, “Peixe Grande” não lembro o porquê não ter assistido antes. Porém, filmes, livros e músicas, podem ser atemporais. Obviamente, se assistirmos hoje “Blade Runner”, por exemplo, algumas coisas que se imaginava como tecnologia do futuro (lembrando quem em Blade Runner, o “futuro” seria em 2019), algumas coisas eles acertaram, outras erraram feio. Mas são apenas detalhes e não afetam a narrativa.

Deixando as elecubrações de lado, voltemos ao filme. Alguns diretores têm marcas registradas. Quentin Tarantino (que é acusado de glamourizar a violência) e Tim Burton estão nesse time. Os filmes do Tim (exceção ao estranho “Planeta dos Macacos”, de 2001) têm alguns traços em comum. O cara é tido como “excêntrico”, mas consigo ver que a ideia dele, para mim, é dar uma “outra visão” a roteiros, que nas mãos de outros diretores poderiam facilmente descambar para outro resultado.

“Peixe Grande”, a despeito do seu subtítulo em português que já f*%& tudo e entrega a rapadura, é um filme em que se passam várias lições, mas de um modo lúdico. O que são as estórias infantis (as da minha época ao menos) ou as parábolas, do que uma forma lúdica de se ensinar uma lição? Além disso, se prestar atenção, o filme é cheio de metáforas e simbolismos. Até mesmo o sobrenome do personagem Bloom (florescer, em inglês) tem sua razão de ser.

O filme começa com o casamento do filho de Edward (Albert Finney, de Erin Brockovich), quando nesse momento, Edward faz um discurso, que na narrativa dele foi um caso real. Todos ficam encantados, menos o filho, Will (Billy Crudup, de Watchmen)que já ouviu a mesma estória centenas de vezes. Aqui vem a primeira lição: às vezes convivemos anos com alguém, mas no fundo não sabemos quem ela é. Will sente que nunca soube quem o pai dele era. Quando era criança (e no filme mostra isso), ele ficava encantado pelas estórias que o pai contava, mas ao chegar à idade adulta, é como a piada que perdeu a graça para quem já ouviu dezenas de vezes.

Depois desse incidente, os dois se afastam e só voltam a se encontrar quando Edward está enfermo e à beira da morte. Aqui, Will começa a tentar desvendar o que é verdade e o que seria ficção. E, se assim posso dizer, começa a narrativa da vida de Edward Bloom, interpretado em sua versão jovem pelo ótimo Ewan McGregor (Star Wars, Trainspotting…).

O nascimento de Edward, ou melhor, a forma como ele nasceu, já seria um prenúncio de como a vida dele seria. Como disse, o filme é cheio de simbolismos e metáforas. Aliás, o próprio título do filme é algo que vai ser compreendido ao longo da narrativa. E o mais importante: são lições que podemos tirar para a vida. O filme não é de auto ajuda e graças a Jeová que não é. Mas percebi que a narrativa conduz a algumas reflexões.

Não darei spoilers, para não atrapalhar quem ainda não assistiu. Ao olhar o filme como um todo, consegui achar vários paralelos da narrativa com citações de outras fontes. Exemplo: o próprio sobrenome dele, que citei anteriormente, a saída de Edward Bloom de Ashton “para o mundo” com o poema “Roll the dice”, uma determinada situação com uma passagem bíblica entre Jacó e Labão. Assim como, entre outras lições, não cair na tentação de permanecer na zona de conforto e não se esquecer de seus objetivos.

Por fim, a vida é como você vê. E nada impede de você dar uma roupagem diferente aos fatos. Como é dito no filme: “A maioria dos homens, eles vão te contar uma história diretamente. Não será complicado, mas também não será interessante.”. Quem assistiu uma série maravilhosa, chamada “The Wonder Years” (Anos Incríveis), certamente vai lembrar-se de um episódio (sendo exato, Ep. 42 da 3ª temporada) em que Kevin Arnold (Fred Savage) narra sua tentativa de ser aprovado em um time de baseball. Não vou entrar em detalhes, pois o post não é sobre a série, mas ao fim, ele diz algo como: “Não lembro muito bem como foi o final, mas gosto de lembrar que foi dessa maneira”.

Posso afirmar que se eu fosse coach, essa praga do mundo atual, pegaria esse filme, “fatiaria” ele todo e faria palestras como um case de sucesso. Não sei se alguém já teve essa ideia ou não, mas deixo aqui a sugestão. Peça apenas um percentual de vendas das palestras.

Deixando a acidez de lado e finalizando o post, posso afirmar que o final foi uma das coisas mais sublimes que já assisti. Não consigo imaginar outra forma de terminar a saga de Edward.

 

Colaborador Beco das Palavras
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