Estudado por gerações de intelectuais, Virgílio foi um poeta da antiguidade que, embora quieto e tímido, produziu grandes obras.
O que pode ser uma biografia
Virgílio em uma Roma governada pelo seu primeiro imperador, então as informações sobre sua trajetória são escassos e foram feitos por Lucius, um poeta também dessa época. As tradições revelam que, em 70 a.C. ele nasceu em uma vila italiana — Andes, que agora se chama Virgílio, localizada próximo à Mântua— e estudava retórica, ciências e leis. Mais tarde larga tudo e passa a se dedicar à poesia. Seu pai vinha de uma família aristocrática e a mãe, plebeia.
Segundo Sérvio Honorato, gramático do final do século IV que participou notoriamente da biografia de Virgílio, os colegas de classe o consideram quieto e reservado. Ele até mesmo era perseguido com o apelido de “donzela” pelos outros alunos. Virgílio também sofria de uma doença incurável e começou a escrever seus poemas enquanto estudava o epicurismo, a corrente filosófica que limita os desejos e prioriza a temperança.
Em, aproximadamente, 19 a.C., Virgílio viaja à Grécia para revisar Eneida, que foi um trabalho encomendado por Augusto, o imperador romano. Na volta para casa, ele contrai uma febre e morre em Brindisi, Itália, já no país natal, com 50 anos de idade. A tumba de Virgílio está hoje localizada em um antigo túnel romano, a 3km de Nápoles. Na Idade Média, o poeta passou a ser associado a milagres e indivíduos de vários lugares peregrinavam e veneravam seu túmulo.
Nela está escrito um epitáfio, composto pelo próprio Virgílio, que na tradução de Fábio Cairolli:
“De nascença mantuano,
De querença calabrês,
Eu morri napolitano
E que deixo pra vocês:
Canto o campo, o camponês,
E as vitórias do troiano.”
Principais trabalhos de Virgílio
O poeta latino produziu grandes três grandes obras, além dos outros poemas.
Bucólicas
Virgílio utilizou a Bucólica grega, de Teócrito, como modelo e escreveu a versão romana adicionando traços dramáticos e revolucionários já que Roma passava por um período instável em 44 a 38 a.C. Bucólicas também é conhecida como Éclogas, que significa rascunho, cômputo, os quais eram cantos populares entre pastores que, mais tarde, viriam a ser encenados no teatro.
O objetivo do poeta, ao escrever essa obra, foi confortar os camponeses romanos, exaustos de tantas agitações políticas. Os versos pastoris refletem a felicidade no simples, os prazeres encontrados também na pobreza e a beleza das paisagens.
Geórgicas
são quatro livros que tratam do conhecimento do mundo rural, sob um ponto de vista também bucólico. Alguns tópicos dos livros são: a vida no campo, as particularidades na criação de ovelhas e a apicultura. Embora pareçam assuntos técnicos, os críticos declaram que esses temas foram apenas pretextos para que o poeta provasse a força do amor em todos os seres animados, a dificuldade dos camponeses, entre outros.
Eneida
Épico de 12 cantos, falam das aventuras do príncipe troiano Enéias em sua procura pela terra que originaria Roma. Depois de muitas provações ao longo dos versos, Enéias chega a Lácio e luta pelo trono. Eneida foi uma mitologia importantíssima para tentar explicar de onde o povo romano surgiu, na época.
Inclusive sua produção foi orientada para que os outros povos acreditassem que os romanos eram ligados diretamente aos deuses, no objetivo de conceder mais soberania à nação. Virgílio morreu sem conclui-la, mas o imperador ordenou que fosse publicada mesmo assim.
Eneida foi um trabalho que, de certa forma, juntou o estilo dos poemas Ilíada e Odisseia, duas outras grandes obras da antiguidade. Para acessar uma análise e alguns trechos traduzidos, clique aqui.