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De Ésquilo a Shakespeare: O que foi a Tragédia?

Além de significar catástrofe, Tragédia também é um gênero literário que originou peças teatrais. Conheça um panorama do que são essas obras.

A Tragédia é um gênero literário dramático que pode despertar um sentimento de terror ou de empatia por parte do público, a partir de narrativas que envolvem deuses, destino e sociedade. O entendimento geral, criado por Aristóteles, é de que os humanos, pela sua natureza, têm prazer ao ler ou assistir dramas. 

Não é à toa que quando se trabalha com ficção científica e futurismo, geralmente, o ponto de vista é o negativo, por meio da escolha pela distopia e por outros elementos apocalípticos na narrativa. Ao longo da história, podemos diferenciar três tipos de Tragédia:

Tragédia grega

Seus principais autores foram Ésquilo, Sófocles e Eurípedes e as histórias eram apresentadas no festival Grandes Dionísias, eventos que marcaram fortemente a cultura grega. Segundo Aristóteles, são três as características que distinguem a Tragédia de outros gêneros:

  • Possuir personagens com altas funções na sociedade, como deuses, reis e heróis
  • Ter uma linguagem diferenciada e elevada
  • Acabar de forma triste, com a morte ou a loucura de um ou mais personagens

Ésquilo

[Esquilo nasceu em 524 a.C. e é praticamente o pai da Tragédia. Seus personagens normalmente lutavam contra os desejos irracionais de divindades ou contra o destino. Produziu muitas obras, mas hoje só se conhece sete delas. As mais populares são Prometeu Acorrentado e Agamêmnon.

Sófocles

Nascido em 496 a.C., participou do ápice da Tragédia grega. Embora a fonte das suas mitologias tenha continuado as mesmas do Ésquilo, suas histórias foram mais desenvolvidas e diferenciadas. Seus personagens eram mais complexos; não apenas movidos pela fatalidade, mas pela autonomia. As obras que ficaram mais conhecidas foram Édipo Rei e Antígona. 

Eurípedes

Já esse poeta revolucionou o gênero. Nasceu quase 20 anos depois de Sófocles e escrevia de forma mais pessimista e realista, por isso não alcançou tanta popularidade. Os deuses, nas histórias de Sófocles, eram muito mais frios e alheios ao sofrimento da humanidade. E os homens, por sua vez, agiam muito mais pelo impulso do que pelo dever. Medeia foi a história mais famosa. 

Tragédia medieval

Nessa fase, as Tragédias eram sobre cavalaria, Cristandade e preceitos morais diversos. Duas epopeias, que são poemas, se destacaram: Beowulf e A Canção de Rolando. Beowulf é um herói com força sobrenatural que procura defender um rei e seu povo de Grendel, um monstro. A narrativa é sobre essa e outras aventuras, até seu falecimento.

Já A Canção de Rolando conta a história do conde Rolando, sobrinho de Carlos Magno. Ele luta contra os sarracenos e contra outros inimigos até a sua morte. A história é simples, rasa e maniqueísta, mas com muitos símbolos. Ventos e tempestades, por exemplo, significam os sentimentos e os medos do homem medieval, que praticamente era carente de racionalidade.

Tragédia moderna

Esse período foi o do Renascimento, sendo Gian Giorgio Trissino o pioneiro da Tragédia moderna, com Sofonisba, produzida em 1515. As Tragédias modernas mais populares, no entanto, foram feitas na Inglaterra, por William Shakespeare. Romeu e Julieta, Hamlet e Otelo, A Tempestade… todas essas histórias remontam a Tragédia grega.

Nessa corrente, a Tragédia não se tratava mais de heróis, mas de homens comuns que buscavam solucionar seus problemas cotidianos. A ironia e o absurdismo são elementos novos na Tragédia atual. Sonhos e metas realistas, mesmo banais, são as missões épicas dos personagens.

Para quem nunca teve a oportunidade de conhecer Romeu e Julieta do começo ao fim, o Cultura Genial publicou um resumo bem simples da história, vale a pena!

 

 

Colaborador Beco das Palavras
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