Terror

TERROR POSTPrimeiramente, ao leitor do Beco das Palavras, peço desculpas, pois o livro pertence a uma série e, quando veio à sugestão de livros para a resenha e fazer a escolha, entrei no site da Betrand, não percebi que era uma série e escolhi TERROR. Mas, com o olhar e atenção de uma livreira, creio que não deixarei o leitor na mão. Firmando uma posição de responsabilidade com o nosso leitor, vou ler o primeiro da série, Madame Terror depois, no entanto, já irei situar o leitor, fazendo uma pequena apresentação da Madame Terror. Comprometo-me a fazer uma análise individual dos dois, em seguida, falarei dos dois comparativamente.

Quem me conhece sabe que gosto de falar do autor, acredito ser imprescindível saber um pouco sobre quem escreve, pois, essa relação ajuda a leitura desenvolver-se da melhor forma. Jan Guillou é um jornalista, escritor sueco e sócio de uma editora, a Piratfötlaget, com 69 anos, tornou-se conhecido, quando em 1973, com Peter Bratt, desvendou que a organização estatal de espionagem IB se dedicava a registar ilegalmente as opiniões políticas de cidadãos suecos, tendo sido então ele próprio condenado à pena de prisão por espionagem*.

A Série, Os Desafios de Hamilton – TERROR (Bertrand Brasil, 490 páginas) têm um pouco da vivência de Guillou no jornalismo, a espionagem. A série, ambientada e vivida pelos personagens, em países como EUA, França, Mundo Árabe (em especial Palestina), Rússia e Suécia, começa com Madame Terror (Bertrand Brasil, 504 páginas), um nome bem sugestivo para uma mulher com o nome Mouna al Husseini e com o pseudônimo de Madame Terror, espiã que serve a OLP – Organização para a Libertação da Palestina; o enfoque do primeiro livro da série é dado pela visão dos palestinos, curioso, já que nós, do Ocidente, estamos acostumados com a história do Oriente, contada por nossos olhares midiáticos.

 Terror começa com o olhar sobre os costumes da realeza saudita em terras americanas, como o mote é a espionagem, estão envolvidos FBI, CIA, NSA e o mundo jornalístico, no encalço de pessoas que em outrora, ocuparam posições de espionagem no passado e alguns que estavam na ativa, na luta do Bem contra o Mal, sabemos que é assim disseminada a bandeira, tanto do ponto de vista do Ocidente, quanto do Oriente, para combater o terror.

O fio da história desenrola-se com a volta de Carl Hamilton, vice-almirante sueco que vivia exilado na Rússia, aguardava julgamento para livrar-se da prisão perpétua, Hamilton, é peça chave na história, devido a sua experiência com espionagem e por conhecer bem o emaranhado político em cima de questões relacionadas à segurança nacional, mas, Hamilton não está só, em tempos de espera para o julgamento que decidirá a sua vida, retoma contato com um grande amigo Erik Ponti, jornalista renomado na Suécia e que, através dessa amizade, aumenta o seu círculo de amigos ao conhecer o casal Ewa Tanguy e Pierre Tanguy. Todos os personagens eram ou são ligados a linhagens que remetem a segurança, militares, espionagem.

É no ambiente tranquilo e despido de voltar ao passado em que, por mais que não queira repetir o que antes era obrigação, agora se torna dever. Os novos horizontes com as novas companhias são o chamado para mais uma missão. O casal Pierre Tangui e Ewa, ele francês, um escritor famoso, já fora um antigo coronel da Legião Estrangeira, ela, inteligente e bem sucedida chefe de polícia, amargam o sequestro da pequena Natalie, única filha de cinco anos do casal, o momento é onde há todo o envolvimento com tudo e com todos, pois, as marcas do passado, mesmo que cicatrizadas, fazem com que, seja uma questão de honra o sucesso no desfecho, é o grande nó que precisa ser desatado para que, no final, tudo volte ao normal e haja um final feliz.

Tudo é muito atual na ambientação do romance, o Presidente da França é Nicolas Sarkozy com Carla Bruni, o Presidente da Rússia é Vladimir Putin, dos EUA, George W Bush; há menções da polêmica que envolve a charge do jornal dinamarquês que satirizava Maomé, quem não lembra? O painel, é tudo que possa provocar o Oriente Médio, foi daí que veio o sequestro, quando, duas jornalistas vão entrevistar a Ewa Tanguy e omitem, distorcem e publicam fotos da mesma com a filha Nathalie, a renomada chefe fala sobre um julgamento de muçulmanos, daí, torna-se o alvo em nome da Jihad – luta pela fé, Guerra Santa.

Focado nessas descrições, o leitor já tem um panorama sobre o final. Colocando a minha visão, não gostei do livro, achei que o autor cai em determinados detalhes desnecessários e cita algumas coisas, onde, não termina, por exemplo: Quando ele cita os Hell Angels**, fiquei questionando o porquê de ter mencionado e não contextualizou.

Mas, vamos analisar o formato do livro: As letras são em tamanho padrão, são 12 capítulos, nos quais, dentro de cada capítulo, há uma subdivisão, às vezes, o autor está em um pensamento, parte para o outro, é preciso atenção. Trama, o romance tem, mas pode deixar o leitor confuso. Aconselho o livro só para leitores medianos e que gostem de romances históricos policiais, ou, aqueles que, já tem um hábito da leitura, para dar de presente ou incentivar à leitura é desaconselhável, pode ser desmotivador. Percebi o seguinte, o livro é roteiro pra filme, nas páginas, ele descreve:… “A altura da mesa, tipo 007 chegando a uma sala e vai conversar com Putin, sobre determinada autorização para determinada assunto”. RÁ – é hora da caçada. Compreendem?

O tamanho do livro são detalhes, detalhes que pretendem prender a atenção do leitor, mas eu não via a hora de acabar, ufa! O final é mamão com açúcar, todo mundo feliz. Nathalie é resgatada, todo mundo na França é recebido com honras militares com direito ao casal presidencial recepcionando e medalhas por mérito, tapete vermelho, entonação da Marselhesa (hino da França), Erik Ponti, viverá com uma bela aposentadoria, agora que está fora do Dagens Eko, um dos jornais mais importantes da Suécia; o casal Tanguy volta à normalidade, Pierre Tanguy, toca novos projetos para novos livros que se tornarão sucesso mundial; Carl Hamilton que teve a família desfeita, perdendo a filha e a mulher, nutria uma paixão contida por Madame Terror ou Mouna, admiração devido já conhecer o trabalho que ela fazia, ele, enxerga a sombra da possibilidade, enfim, de refazer a vida conjugal pedindo-a em casamento. O príncipe saudita, que em nome da justiça para quem o provoca, foi o mandante de todo o terror que cerca a história e ainda, mantinha algumas francesas como prisioneiras, é o lobinho capturado sendo obrigado a cobrir pena. Claro que, missão envolvendo segurando nacional é significado de? A Diplomacia pede passagem, por favor! E os países envolvidos, querem atenção midiática, ergue-se a luta pela PAZ? Será? Quem quer uma casquinha?

Óbvio a história? O que posso dizer? Ler qualquer coisa, é melhor do que não ler nada, então, defendo que mesmo que seja ruim, leiam. Afinal, só vivemos de experiências positivas? Não, o negativo existe, pois, temos a oportunidade do outro olhar, a segunda chance. O cotidiano pode ser sol, amarelo, rosa, mas, por vezes, a vida tem o lado nebuloso, cinza.

Viajar pela leitura! Eis o meu apelo!

  • Fonte: Wikipédia e site da Bertrand
  • Hell Angels: Moto Clube que surgiu nos EUA e está presente em vários países.
  • Nos encontramos com Madame Terror
Juliana Rafaela Timóteo Mendonça
Mãe do Aquiles! Desde a infância, aventurava-se dando gargalhadas lendo gibis. Sem saber, ao longo do tempo, tornou-se livreira com amor e paixão. Agora vive um dia de cada vez e aprende sobre as letras com esse ritmo. Acha que somos matéria inacabada, sempre em construção. Anda em Política e Sociologia e patina, por vezes escorregando, nas artes.

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