Um homem tem duas namoradas: a oficial, com quem todos esperam que ele se case, e a outra, por quem parece ser apaixonado. Certo dia, esse homem diz à outra que irá se casar com a namorada. Os dois se separam, ela fica terrivelmente ressentida e decide se vingar iniciando um relacionamento com outro homem. O amante, por sua vez, acaba não se casando e fica sozinho. Na verdade, ele prefere estar sozinho porque não deseja comprometer-se com ninguém, apesar de aparentemente ser apaixonado pela amante. Eles continuam se encontrando sem compromisso, até que a mulher se cansa e por fim atinge uma situação em que, segundo ela, a fez esquecê-lo. Por isso, escreve uma carta/livro ao ex-amante, contando tudo o que sofrera e tudo por que precisou passar para chegar ao dia em que finalmente viu-se livre desse amor.
Contudo, a meu ver, O dia em que te esqueci (ed. Bertrand Brasil) trata de um amor jamais esquecido. Na carta/livro, a narradora começa dizendo que havia conseguido superar o amor que uma vez sentira por ele. Porém, ao longo do texto, a mulher faz citações de uma carta anterior (escrita meses após o fim do relacionamento). Essa carta, que jamais fora enviada, refletia todo o ressentimento da narradora com o amante. Conforme o romance flui, a carta antiga e a recente (que seria o livro) vão se fundindo, de maneira que, pouco antes da metade do livro, não é mais possível saber se a narradora está escrevendo aquele pensamento ou se está citando o primeiro desabafo. No meu ponto de vista, essa mulher (cujo nome não é citado no romance, porém desconfio que se trata da própria autora) não consegue esquecer o amor que viveu com essa pessoa e passa todo o livro tentando inutilmente convencê-lo, convencer aos leitores e também a si própria do contrário.
Não podemos dizer que o texto pertence ao gênero romance porque a intenção da narradora foi escrever uma carta pública, dirigindo-se ao homem que a magoou, porém com a intenção de que ela fosse lida por “todas as mulheres que aprenderam a deixar de sofrer por amor e conseguiram seguir seu caminho”. O texto é fraco, demasiado repetitivo e repleto de clichês (a autora assume um deles logo na primeira página, porém considera todos os outros como se fossem máximas filosóficas). As personagens são planas, isto é, não há uma profundidade psicológica, nenhum deles parece ter vida, com exceção da narradora. Parece que a vida se resume em amar, sofrer por amor e superar um amor antigo por meio de um novo. Nada mais importa. Não há mais nada que faça sentido para a existência, a mulher só pode ser feliz quando ama e é plenamente correspondida no amor. Por isso, o texto da jovem autora portuguesa Margarida Rebelo Pinto se afasta muito daquilo que podemos chamar de um “bom romance”, e talvez se aproxime um pouco do que se vê nas telenovelas. Isso não significa que o livro seja uma leitura desagradável, os leitores menos exigentes podem apreciar a leitura.
O texto é dividido em capítulos curtos e Margarida Rebelo consegue prender a atenção do leitor. Esta é uma leitura destinada às mulheres, como a própria autora diz. Eu acrescento que a leitura é destinada às mulheres românticas, que dependem de um amor para serem felizes e a quem uma história como O dia em que te esqueci possa servir como um refúgio, porém sem a (ou com a falsa) esperança da superação.
Não me animei a ler não. E eu nem sou exigente, mas prefiro me afastar de ressentimentos amorosos, já basta escutar as amigas, ainda ler livro? rsrsrs
Se você quer distância de tudo relacionado a dor de cotovelo amorosa, essa leitura não é indicada para você rsrsrs
Leia as outras resenhas do blog e descubra a que mais te agrada!
Acho que vou reservar esse livro para ler depois de terminar um namoro. Parece ser o tipo de livro para dor de cotovelo rs.
Livro para dar para a irmã que levou o fora?