Ao falar da brevidade da vida um salmista bíblico nos comparou a uma erva que nasce pela madrugada, germina e brota pela manhã e à tarde murcha e seca. Nada poderia ser mais simples para retratar a brutal instabilidade da vida.Ela é breve e logo passará.E essa realidade a ninguém poupa.Mas ainda que estejamos igualmente sujeitos aos infortúnios da vida, a queda de grandes personalidades, artistas e intelectuais sempre nos causará perplexidade e despertará o nosso interesse.
Em “Eles se acreditavam ilustres e imortais” (Editora Difel,128 páginas) o crítico e historiador de arte Michel Ragon narra a história do declínio de alguns homens e mulheres ilustres que tiveram fins trágicos e solitários.De pintores a poetas. De cantoras a escritores famosos. Todos parecem ter descoberto tarde demais que a juventude, a saúde, a riqueza e o sucesso, assim como o reconhecimento social não passam de breves concessões que nos são dadas. Ao escrever breves e tocantes narrativas sobre os capítulos finais da vida de algumas dessas notáveis personalidades, o autor mostra como o fim pode ser triste até mesmo para aqueles que pareciam ter uma vida eterna de sucessos e glórias.
Afinal como imaginar que Alexandre Dumas o escritor que em sua época mais dinheiro ganhou terminou na ruína e no ostracismo? Ou que o homem considerado a figura mais importante da arquitetura moderna tenha vivido seus últimos dias numa cabana? Esses e outros relatos singulares esboçados no livro surpreendem e revelam o lado vulnerável dessas figuras que facilmente são mistificadas como sendo feitas de material diferente do nosso.
O fim dessas personalidades nos oferece a oportunidade de refletir sobre a fragilidade que caracteriza a vida de todas as pessoas, inclusive ou talvez principalmente a vida das pessoas que alcançam o sucesso. A verdade de que “ o mundo nos deixa bem antes de irmos para sempre” pode ser especialmente dolorosa para estes que durante um tempo experimentaram o favor e as glórias desse mesmo mundo que tão rapidamente os deixa e os trai. Todos nós mais cedo ou mais tarde pereceremos apesar de acreditarmos muitas vezes, que riqueza, fama e reconhecimento social podem nos trazer alguma proteção e alguma habilidade para lidar com os sofrimentos e com o fim da vida.
Apesar de um tanto cruel não deixa de ser consolador e importante lembrar que até mesmo as pessoas talentosas, ricas e famosas estão sujeitas às adversidades. Mais cedo ou mais tarde, de um jeito ou de outro, todos são tragados pela mortalidade e todos podem ser as próximas vítimas das incertezas e das surpresas desagradáveis da vida. No final das contas todos compartilhamos o mesmo destino a despeito de quem somos ou do que conquistamos.E refletir e lembrar essa realidade através desse breve livro é necessário e conforta. Sacode as falsas expectativas e ajuda a combater ilusões.
Não conhecia esse livro, mas é o tipo de livro que eu teria na minha mão agora. Adoro esses bastidores, porque eles geralmente nos mostram que as coisas não são bem assim, e que somos apenas “humanos, demasiado humanos”.
não sei o porquê, mas gosto desse tipo de história. Será que encontro fácil para comprar esse livro?
encontra sim cris. Na loja tem.
Adoro saber mais sobre os autores. O livro é bem curto, vou tentar ler tbm.