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A plebeia

Histórias sobre príncipes e princesas são sempre românticas e terminam com um final feliz. Graças a essas histórias o casamento com um belo e digno príncipe parece ser a melhor coisa que poderia acontecer a uma jovem de origem comum. A plebeia ( John Burnham Schwartz, Ediouro, 286 páginas) no entanto, é uma história que contraria essa suposição tão arraigada no imaginário popular. Apesar de ser uma história sobre uma jovem que se casa por amor com o Príncipe Herdeiro do Japão, esta não é uma narrativa romântica. Através da personagem Haruko vemos as coisas sob outra perspectiva. Suas perdas como a perda de sua liberdade e do controle de sua vontade a até de seu tempo, assim como as perdas e privações mais corriqueiras, a fizeram descobrir como  pode ser dolorosa e triste a vida de uma princesa.

Apesar de tolerada Haruko nunca foi aceita e “perdoada” por não ser de origem nobre. Com exceção de seu marido, todos na Corte principalmente sua sogra, a Imperatriz do Japão, tornaram sua existência um grande martírio através de suas constantes críticas, cobranças e pressões. No entanto se percebe que todas essas pressões e críticas tinham muito pouco de pessoal, eram acima de tudo resultado do apego e de uma mentalidade moldada pelas antigas tradições imperiais. O fato era que Haruko não fazia parte daquele mundo apesar de estar nele. E por não ter tido um passado nobre que a preparasse para aquele mundo de sacrifícios e duras regras, todos os lados sofreram um grande choque cultural.

Toda a  sua transformação de uma jovem livre, talentosa e de espírito vívido em uma princesa triste, ofuscada e presa numa bela e rígida prisão, fizeram Haruko viver um enorme dilema muitos anos depois, quando se viu na difícil posição de aconselhar uma jovem espirituosa como ela foi um dia, e realizada e livre como ela teria sido caso não tivesse se casado com o Príncipe Herdeiro, a considerar o casamento com seu filho, o Príncipe Coroado, ingressando-a assim no rígido e solitário mundo onde ela um dia entrou.

“A plebéia” assim como a vida mescla leveza e gravidade ao mesmo tempo. Faz pensar sobre como é difícil fazer escolhas que mudam não somente as nossas vidas, mas mudam também as vidas de outras pessoas tornando duplas as nossas responsabilidades e também as nossas culpas. Essa é uma delicada e ao mesmo tempo brutal história sobre como algumas escolhas fecham portas atrás de nós que jamais voltarão a se abrir.

15 thoughts on “A plebeia

  1. ao ler a resenha deu para sentir a tristeza de Haruko… Essa história é ficção ou é baseada em fatos reais?

  2. percebemos que quando mais alto queremos subir, mais iremos sofrer. principalmente se viemos lá de baixo.

    estou curiosa para ler esse livro.

  3. Engraçado como fica fixo na nossa mente algumas ideias né? Por exemplo… Que garota não sonha em ser uma princesa e se casar com um príncipe? Em filmes, tudo bem, isso é maravilhoso. Na vida real, às vezes a gente esquece que é bem diferente…

  4. Layne Cris,

    O autor faz questão de frisar que a história é fictícia, mas ele se inspirou na vida da Imperatriz Michiko, primeira mulher do povo a se tornar um membro da família imperial do Japão em 1959.

  5. Pois é gente, o livro é muito bonito apesar de triste. E o interessante é que o dilema que Haruko viveu é o mesmo dilema que todas as mulheres de um jeito ou de outro precisam enfrentar hoje e vão enfrentar sempre ao terem que escolher se buscam sua independência ou se abrem mão de sua vida fazendo muitos sacrifícios por amor.

    E a questão das diferenças que o amor não supera tb é muito interessante.Uma vez ouvi uma frase interessante num filme : “Um peixe e um pássaro podem se amar, mas onde eles viveriam?”.Numa situação parecida com a da Haruko eu recuaria com certeza, principalmente depois de ler o livro rs.Eu cheguei ao final do livro com a opinião de que ela desperdiçou sua vida e pagou um preço alto demais.

  6. Nossa, parece ser muito boa a história.
    Deu mesmo pra sentir a tristeza da pobre haruko.

    Ach que vou ler depois 🙂
    Muito bom mesmo o texto

    beijo

  7. Parece muito bom. Nem tudo é conto de fadas, nem tudo tem um final feliz.
    Acho que essa história aproxima melhor o ‘conto de fadas’ real, que vivemos. É a trizteza de Haruko que mostra a verdade.

  8. noossa, fica dificil saber se desperdicamos a vida por amor….muita gente diria que valeu a pena….eu ja nao sei o que pensar, a duvida é cruel…

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