Muito popular no Brasil nos últimos anos, a cultura de clubes literários aumentou na pandemia com a proposta de troca de experiência
A arte se comunica muito com a coletividade. Trocar ideias com amigos, conhecidos, familiares e até com pessoas com opiniões contrárias faz parte da experiência artística. A literatura não fica fora do compartilhamento de informações. É comum após a leitura de um livro buscarmos opiniões e detalhes que passaram despercebidos a nossa leitura. Os clubes de leitura ou Clubes do livro têm como proposta a troca de experiência.
Ao contrário das assinaturas de livros, os clubes, de maneira geral, não cobram mensalidade, basta ter feito a leitura e participar das reuniões. Com a pandemia, os clubes de discussão de livros ajudaram a diminuir a sensação de isolamento causada pela COVID-19 e muitos grupos se espalharam pela internet. Ferramentas como Youtube e Facebook ajudaram a conectar leitores de todo o mundo. O clube criado por Humberto Conzo Junior nasceu no canal Primeira Prateleira. Humberto que faz resenhas de livros que vão dos clássicos aos contemporâneos criou o clube que aproxima leitores da produção contemporânea brasileira.
Outro clube que chama a atenção de seguidores no Youtube é o da booktuber Isabella Lubrano, criadora do canal Ler Antes de Morrer, que mostra que a organização faz um bom leitor. Ela define um cronograma para leitura definindo datas limites para a leitura de capítulos. Estão no canal Ler Antes de Morrer obras clássicas e que exigem habilidade do leitor como Grande Sertão Veredas.
Clubes com temas específicos
A literatura escrita por pessoas pretas também movimenta encontros no país. Alguns clubes de leitura são voltados para esse tipo de literatura, que assim como as obras escritas por mulheres, pode ser ignorada pelo grande público. Com cronograma organizado e reuniões marcadas pelas redes sociais, o Ciclo de Leitura Afrofuturista (encontros online), Leituras Decoloniais (encontros online) e o Clube Negrita (encontros em outubro e dezembro)
Os clubes do livro que estão nos lugares mais afastados do país apostam no poder transformador da literatura. É o caso do “Leia Mulheres”, um dos mais populares clubes de leitura do país, que promove encontros em diferentes capitais do país. O “Leia Mulheres” facilita a troca de opiniões em reuniões onde o foco é a literatura produzida por mulheres. Não há proibição da participação de homens nas reuniões que acontecem em Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo, Florianópolis, entre outras cidades. Todos os tipos de escritoras passam pelo “Leia Mulheres” de Toni Morrison a Tina Fey, passando pela brasileira Aline Bei o clube aproxima o leitor de um tipo de literatura que muitas vezes é ignorado pela maioria.
Movimento pós lockdown
Se durante a pandemia os encontros aconteciam nas plataformas digitais como Zoom e Google Meeting, após a diminuição dos casos de COVID-19, as reuniões começaram a movimentar leitores pelo Brasil. Espaços ligados à literatura como livrarias, bibliotecas e universidades recebem algumas reuniões.
A livraria Leitura Shopping da Bahia começou a receber participantes do clube do livro local em agosto de 2022, a livraria Blooks no Rio de Janeiro é o espaço escolhido para o Leia Mulheres da cidade. As editoras são bons veículos para discussões sobre livros e promovem encontros que diminuem a solidão entre leitores. A Editora Dublinense, por exemplo, investe no Clube Dúbli. Via Google Meet, a editora promove encontro entre leitores e autores da casa. Os leitores compram os livros, que são previamente escolhidos, recebem descontos da editora e podem compartilhar ideias com os escreveu. As editoras que investem nesse tipo de integração entre leitores e escritores crescem junto aos seus clientes e divulgam livros recém lançados.
Plataformas literárias também investem
Plataformas especializadas em conteúdo literário também estão investindo em clubes do livro. A Escrevedeira, que oferece cursos para escritores e estudantes de literatura, promove alguns clubes do livro. São três clubes voltados para diferentes tipos de leitores e literatura: clube de literatura contemporânea em língua portuguesa; clube dos clássicos estrangeiros do século XX e o Escrevedeira book club onde livros são discutidos em inglês. A inscrição deve ser feita no site da Escrevedeira que divulga os livros que serão lidos durante o ano.
Separamos dicas de bons clubes caso você se interesse, mas buscar clubes na sua cidade pode ficar mais fácil se você mantiver contato com bibliotecas e universidades. Além disso, use as redes sociais. Grupos no facebook e contas no Instagram são bons caminhos para achar clubes de leitura perto da sua casa e trabalho. Sem dúvida, os clubes aumentam o prazer que a leitura traz porque conectam pessoas e paixões. A sua próxima leitura está a um clube do livro de vocês. Aproveite a chance.