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A vida e carreira do mestre Cartola

Cartola, nome artístico de Agenor de Oliveira, foi um compositor e cantor brasileiro. Considerado uma das maiores lendas do samba, responsável por letras eternas como “O Mundo é um Moinho” e “As Rosas Não Falam”, essa última escrita quando ele já tinha 67 anos.

Considerado um dos maiores letristas da música nacional, Cartola é tratado com a alcunha de mestre graças as suas contribuições para o samba e música popular brasileira. Confira um pouco mais sobre a trajetória desse lendário artista.

 

Infância e Juventude

Cartola nasceu no Catete, Rio de Janeiro, em 11 de outubro de 1908. Ele era filho de Ada Gomes e Sebastião Joaquim de Oliveira. Quando ainda novo, acabou tendo muito contato com as festas populares do Rio de Janeiro, quando os seus parentes desfilavam na festa do Dia de Reis, munidos de violão, cavaquinho e fantasiados.

Quando ele tinha 11 anos de idade, os seus pais foram para o Morro da Mangueira, e foi lá que Cartola passou a frequentar a boêmia nas rodas de samba. Com seus quinze anos, depois de perder a mãe, o seu pai mandou Cartola tratar da sua vida. Sem ter onde dormir, ele ficava na boemia e malandragem pelas madrugadas do Rio.

Para se sustentar chegou a trabalhar com tipografia e logo depois como pedreiro. Nesse período ele usava um chapéu-coco e foi aí que recebeu o seu apelido de Cartola. A sua vizinha Deolinda, casada e com uma filha cuidava de Cartola, na época com 18 anos.

Deolinda era 7 anos mais velha, mas os dois decidiram se juntar e morar juntos. Ela deixou a casa, mas levou a filha que Cartola criou como se fosse uma legítima herdeira.

 

Carreira musical

Cartola sempre foi cantor e músico, mas sem muito prestígio. Durante parte da sua vida ele ajudou a fundar a estação primeira da Mangueira, uma das escolas de samba mais popular do Brasil.

No ano de 1929, um ano depois da fundação da escola, Cartola conheceu Mário Reis, um cantor que se interessava nos Sambas do compositor. Mesmo tendo desconfiança, Carola vendeu a canção “Que Infeliz Sorte”, que no ano de 1930 foi gravada por Mário e sua dupla.

Foi alí que a sua carreira musical dava seus primeiros passos. No ano de 1933 ele formou um conjunto com Wilson Batista e Oliveira da Cuíca, mas o trio acabou acabando cedo e Cartola seguiu sozinho. 

Ele seguiu solo e, em 1940, Villa-Lobos procurou Cartola  para uma gravação que seria realizada a bordo do Uruguai ancorado no cais da Praçã Mauá. Nessa gravação também participou Pixinguinha, Donga e outros lendários músicos.

Nesse período, Cartola passou a cantar suas músicas em diversas estações de rádio. Ele fez, junto a Paulo Portela, o programa “A Voz do Morro”, onde apresentavam todos os meses um samba para os ouvintes batizarem.

O sucesso foi chegando na vida de Cartola, mas as consequência de sua vida boêmia também. Ainda na década de 50 ele adoeceu, tendo uma meningite que acabou o afastando da Mangueira. Logo depois de se recuperar, a sua amada Deolinda acabou falecendo.

 

Últimos anos e morte

No ano de 1961 era obrigatório que todos os sambistas fizessem um encontro na casa de Cartola às sextas-feiras. Com muita cerveja e com os petiscos de dona Zica, o samba seguia até altas horas. A sua casa ficou famosa e então surgiu a ideia do restaurante “Zicartola”, que ficava na Rua da Carioca, no centro da cidade.

Ele estava distante do mundo artístico, mas estava feliz. Em 64 ele e Zica se casaram e as suas composições voltaram a ser gravadas. Elizete Cardoso e Nara Leão foram umas das artistas que voltaram a gravar as canções de Cartola.

O Zicartola acabou fechando as portas, e Zica e Cartola voltaram a sua vida comum. Porém, Cartola sempre era prestigiado quando podia. Foi convidade como anfitrião de um show semanal que ocorria no prédio da União Nacional dos Estudantes. Além disso, em 1974 Cartola finalmente gravou o seu primeiro CD. Nele tinha músicas gravadas por outros artistas, como a música “O Sol Nascerá”, sucesso eterno do mestre.

Dois anos depois ele lançou o seu LP. Nesse trabalho se encontra a múscia “As Rosas Não Falam”, escrita quando ele já tinha seus 67 anos de idade. Mesmo mostrando que ainda tinha muito talento para a música, a sua saúde não ia tão bem.

Os seus últimos anos foi marcado não só pela arte, mas por problemas de saúde que atrapalhavam a sua vida. No fim dos anos 70 ele se submeteu a uma cirurgia para remover um câncer na tiroide, e a partir daí a sua saúde foi ficando cada vez mais fragilizada.

Cartola morreu no Rio de Janeiro, no dia 30 de novembro de 1980. O seu legado é considerado até os dias atuais, sendo referência para diversos artistas não só do samba, como de toda a música nacional.

 

 

Luciana
Jornalista e editora, mestre em rádio e televisão.

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