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a trajetória de Ivone Lara

Yvonne Lara da Costa, mais conhecida como Ivone Lara ou Dona Ivone Lara, foi uma importante compositora e cantora brasileira. Ela é conhecida como Grande Dama do Samba e Rainha do Samba graças a sua contribuição para o gênero. Confira um pouco mais sobre a sua trajetória. 

 

Biografia de Ivone Lara

Dona Ivone Lara nasceu no dia 13 de abril de 1922 em Botafogo, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Ela foi a primeira filha da costureira Emerentina Bento da Silva e João da Silva Lara.

Os seus pais tinham uma vida muito ativa na música e isso fez com que Ivone Lara sempre tivesse contato com a arte. Porém, a artista decidiu fazer alguns cursos durante a vida e se formou em serviço social e em enfermagem, sendo uma profissional da saúde durante 30 anos da sua vida até se aposentar no ano de 1977. 

A morte do seu pai com três anos e da sua mãe quando tinha dezessete fez com que Ivone Lara fosse criada pelos seus tios e foi com eles que ela aprendeu a tocar cavaquinho e a ouvir samba ao lado do seu primo, o Mestre Fuleiro. 

Casou-se em 4 de dezembro de 1947 com Oscar Costa, filho de Alfredo Costa, presidente da Escola de Samba Prazer da Serrinha, com quem teve dois filhos, Alfredo e Odir. Foram casados durante 28 anos, até a morte de Oscar.

Foi no Prazer da Serrinha onde conheceu alguns compositores que viriam a ser seus parceiros em algumas composições, como Silas de Oliveira e Mano Décio da Viola. Em 2008 ela perdeu seu filho Odir, vítima de complicações decorrentes da diabetes.

 

Carreira como profissional de Saúde

Aos dezessete anos, Ivone entrou para a faculdade de enfermagem da atual UNIRIO, onde se graduou enfermeira. Aos 21 anos, prestou concurso público para o Ministério da Saúde e aos 25 foi contratada pelo Instituto de Psiquiatria do Engenho de Dentro.

Foi lá que ela se especializou na área de terapia ocupacional. Durante mais de três décadas ela atuou na Colônia Juliano Moreira, com pacientes com problemas mentais. Ivone Lara também se formou em Serviço Social, sendo uma das primeiras assistentes sociais do Brasil e uma das primeiras mulheres negras a se formarem em um curso superior no país. 

Com a sua afinidade com a música, Dona Ivone Lara acabou levando a terapia musical para seus pacientes no Instituto de Psiquiatria do Engenho de Dentro. Usando seus contatos, conseguiu patrocínio para os instrumentos e a criação de uma oficina de música, que passou a apoiar festas e eventos de socialização entre os pacientes, seus familiares e os funcionários do hospital. 

 

Carreira como cantora e compositora

Dona Ivone Lara sempre teve muito contato com a música mesmo no período em que trabalhava com saúde. Ela compôs o samba Nasci para Sofrer, que se tornou o hino da escola de samba tradicional Prazer da Serrinha, que fechou em 1952.

Com o surgimento da Império Serrano no ano de 1947, ela passou a desfilar na ala das baianas. Também fez o samba Não Me Perguntes, e a consagração veio em 1965, com Os Cinco Bailes da História do Rio, quando tornou-se a primeira mulher a fazer parte da ala de compositores da escola de samba.

Em 75 o seu filho Odir acabou sofrendo um acidente de carro e, ao saber da notícia, o seu marido Oscar acabou tendo um infarto e faleceu. Mesmo seu marido não tendo nada contra a carreira de Ivone, ele não curtia as rodas de samba que ela organizava.

Dois anos após esse episódio ela se aposentou da carreira de profissional da saúde e começou a se dedicar de forma exclusiva à música. Foram vários cantores inesquecíveis que cantam suas composições ao longo da sua carreira. Nomes como Gal Costa e Maria Bethânia, por exemplo, fizeram essa ponte entre o samba e o MPB.

 

Morte

Dona Ivone Lara infelizmente nos deixou no dia 16 de abril de 2018, no auge dos seus 96 anos de idade. A causa da morte foi uma consequência da insuficiência cardiorrespiratória que ela acabou tendo depois de passar três dias internada no CTI do CER, no Rio de Janeiro.

O seu velório ocorreu na Quadra da sua escola de samba Império Serrano, e pode mostrar ao Brasil o quanto ela era querida e iria deixar um legado eterno, como realmente deixou.

Luciana
Jornalista e editora, mestre em rádio e televisão.

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