Marcado por grandes obras e tragédia pessoal, o cineasta hoje é considerado foragido da polícia americana. Entenda a vida de altos e baixos de Polanski
Roman Polanski é um roteirista, diretor, produtor e ator polaco, considerado um dos mais influentes da história. Polanski fez inúmeros filmes renomados ao longo da sua carreira, fazendo dele um dos mais requisitados da indústria do cinema no século XX.
Apesar da sua fama na arte, Polanski tem uma vida muito conturbada fora dos sets de gravação, sendo envolvido em inúmeros casos de abuso e assédio. Confira a trajetória nos cinemas e as polêmicas envolvendo esse renomado diretor.
Juventude e primeiros passos no cinema
Roman Polanski é polaco mas nasceu na França, no ano de 1933. Ainda aos dois anos de idade, ele se mudou com seus pais para a Polônia, o que rendeu a Polanski um dos maiores traumas de sua vida. Por ser de origem judia, a sua família foi confinada pelos soldados nazistas em uma espécie de gueto voltado para judeus cercado por muros.
É possível imaginar como a infância do diretor não foi nada fácil. Depois de ver a sua família ser presa, Roman Polanski foi obrigado a assistir a sua mãe e a sua irmã serem capturadas e sequestradas pelos soldados de Hitler, sem ter a mínima ideia para onde elas foram.
Polanski ficou com o seu pai compartilhando um apartamento com outras famílias de origem judia, porém, o trauma e o susto causados fez com que ele se sentisse inseguro a infância toda. O seu pai, que os nazistas agissem outra vez, o levou para uma cerca de arames farpados e fez com que Polanski escapasse. Para que o jovem não ficasse sem ninguém, o seu pai já tinha pagado a uma família para que eles cuidassem do filho.
Toda a sua infância teve o ensino destruído por viver sempre com medo e fugindo. Quando termina a guerra o seu pai o reencontra e comunica a ele que a irmã foi para a França e que a sua mãe morreu na câmara de gás. É importante compreender a infância de Polanski repleta de tragédias que serviram como certa influência para as suas obras.
Estudos no cinema
Apaixonado pela sétima arte, Polanski foi admitido e começou a estudar na escola estatal de cinema em Lódz, no ano de 1954. Esse processo foi essencial para formar a opinião e a visão de cinema que o diretor tinha.
Polanski conseguiu aprender muitos segredos que envolviam a sétima arte tendo aulas e convivendo com profissionais talentosos e experientes. Além disso, o diretor tinha aparato material completo, além de ter incentivo do Estado, que conseguia dar condições aos pequenos cineastas que se interessavam em serem assistentes de grandes profissionais da área.
Roman Polanski só lançou o seu primeiro longa alguns anos depois de entrar na faculdade. O filme se chama Faca na Água, e mostra a percepção de mundo que o diretor tinha.
Em um primeiro momento, esse filme foi excluído do Ministério da Cultura, pois naquela época eles valorizavam obras com uma temática mais social. Nessa obra, Polanski expõe um casal que quase atropela um homem de 19 anos em uma estrada. Nesse período, o líder maior da União Soviética, Josef Stalin, já tinha falecido, e a sua geração começou a produzir obras com temáticas diferentes ao agrado do governo, que tinha uma outra visão sobre a arte.
Fama e tragédia
Em um período de sua vida Polanski decide se mudar para a Inglaterra, e na terra da rainhas se tornou amigo de Gerard Brach. Com Brach, Roman Polanski produziu e dirigiu os filmes Repulsa ao Sexo e Armadilhas do Destino, alguns dos sucessos iniciais da carreira do renomado diretor.
Ainda em terras inglesas, Polanski filmou a Dança dos Vampiros, além de ter conhecido a sua futura esposa Sharon Tate, que era uma atriz destacada da época. Em 1968, Polanski foi para os Estados Unidos dirigir o filme O Bebê de Rosemary. Esse filme foi o seu primeiro sucesso em Hollywood, se tornando um sucesso entre todos os críticos e público, além de ter marcado seu nome na história dos filmes de terror estadunidenses.
Mas, mesmo com o sucesso crescente, a sua passagem por terras estadunidenses foi marcada por uma tragédia familiar. Sua esposa, Sharon Tate, grávida do primeiro filho, foi brutalmente assassinada por seguidores do serial killer Charles Manson, dentro da casa do diretor.
Essa tragédia abalou seriamente Polanski, que decidiu morar novamente na Europa. Em 1974, o diretor voltou aos Estados Unidos para dirigir Chinatown, um outro sucesso absoluto de sua carreira.
A trajetória nos cinemas de Polanski é inquestionavelmente gloriosa. São inúmeros filmes, prêmios e conquistas, fazendo de Polanski um dos cineastas tidos como referências para outras gerações. Porém, sua vida não foi marcada somente pelos traumas e sucessos. Há também um lado de Polanski que marcou a sua vida de forma profunda.
Acusações de assédio
Além dos sucessos na indústria do cinema, a vida de Roman Polanski possui diversas acusações de assédio. Quando ele vivia o seu auge nos Estados Unidos, na década de 70, o cineasta foi o pivô de uma das maiores polêmicas da história do cinema mundial.
O diretor se envolveu com uma jovem de 13 anos, sendo acusado de ter dopado a adolescente e a estuprado. Depois de ter a sua prisão decretada nos Estados Unidos, Polanski refugiou-se no continente europeu e nunca mais pisou em terras estadunidenses.
Porém, essas denúncias de 1978 não são as únicas, já que Polanski tem uma série de acusações de assédio e estupro, todas envolvendo menores de idade. Em 2017, a artista Marianne Barnard o acusou de ter a estuprado quando ela ainda tinha 10 anos. Logo depois, uma série de acusações foram levantadas contra Polanski, que foi expulso da academia de Hollywood.