E o final um dia tem que chegar. O livro Especiais, terceira parte da série escrita por Scott Westerfeld (Ed Record) traz aos leitores da série Feios o desfecho que todos aguardavam.
Todos que leram Perfeitos sabem como seria o início de Especiais, e isso trouxe a muitos leitores raiva e outros surpresa. Mas é aqui que iremos descobrir como é ser um Especial. Qual a diferença que os fazem melhores que os outros serem humanos. Será que só o fato de não terem medo? Engana-se quem pensa que força e coragem seja a principal diferença entre os especiais e perfeitos.
Aqui Tally terá um novo modo de pensar (embora o agir não seja diferente do que sempre foi). Aqui ela é mais forte e quer destruir Nova Fumaça, mas ela possui amigos que não desistiram de salva-la.
Se você não gostou de Perfeitos por conta da indecisão de Tally e seus romances água-com-açúcar, acredito que irá gostar de ver que aqui o romance não será o tópico central. Capítulos cheios de aventura, com perseguições no meio da floresta e lutas na cidade fazem o livro ter mais cenas de adrenalina que os dois anteriores juntos. O autor nos traz um texto rápido, que lemos na mesma rapidez que as personagens voam de prancha.
Assim como os outros dois livros, Westerfeld continua jogando críticas ao modo que a sociedade de hoje vive. E soube trabalhar muito bem com os temas quer resolveu abordar. Por mais que tenhamos um final feliz, ele não deixou de questionar que os objetivos alcançados podem trazer a tona os antigos problemas sociais, como poluição e desmatamento exacerbado e guerras, que podem ser provocadas por decisões precipitadas.
Após a leitura dos três livros percebi o que o autor buscava mostrar: hoje estamos com sérios problemas ambientais e sociais (desmatamento, efeito estufa, preconceito, conflitos provocados por temperamentos, etc), mas essa solução pode nos tirar muito como nossa capacidade de decisão, características pessoais que cada um possui e nos fazem únicos. São pequenos detalhes que nos fazem diferentes das pessoas e nos tornam especiais.
Westerfeld pode até ser extremista em seu texto ao deixar as cosias tão “preto no branco”, por não haver meio termo na sociedade em que Tally vive, mas talvez o tenha feito para ponderarmos. Se olharmos a história do mundo, já tivemos momentos assim: na idade média as missas eram ministradas em latim e ninguém além do padre tinha permissão de ler a bíblia e interpretá-la. No séc XX o nazismo determinou a vida e a morte de pessoas pela cor da pele e grupo étnico. Hoje temos direito a ler a bíblia e interpretá-la como quisermos, mas gerou um grande número de novas religiões e seitas que chegam a instigar o suicídio. Hitler não está mais entre nós mas ainda existem pessoas com preconceitos étnicos.
Depois de tanto falar e olhar nossa história, não há como retomar aos pensamentos do primeiro livro. Por isso termino essa resenha com o mesmo parágrafo que terminei a resenha de Feios:
“Feios é a porta de entrada para jovens leitores se interessarem por clássicos como1984 (George Orwell), Admirável Mundo Novo (Aldous Huxley) e Farenheit 451 (Ray Bradbury).”
Ué, achava que ainda havia um quarto livro, o “Extras”…
Diogo,
sim, existe um quarto livro chamado extras. Mas o término da história se dá em Especiais. Também estranhei no inicio, mas depois alguns clientes me disseram que o ultimo são historias sobre partes em que a personagem nao participou, por isso o nome.