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Castro Alves

Castro Alves foi um dos poetas que representaram a Terceira Geração Romântica no Brasil. Conhecido também como, o poeta dos escravos, Castro Alves (1847-1871) destilava em sua poesia os problemas sociais de um Brasil injusto para as minorias. Não só pelo seu posicionamento, mas também pela qualidade e importância de seus escritos, é patrono da sétima cadeira da Academia Brasileira de Letras.

 

Como foi a infância do poeta dos escravos

 

Antônio Frederico de Castro Alves era filho de Antônio José Alves, professor e médico e de Clélia Brasília da Silva Castro. O poeta nasceu na vila de Curralinho/Bahia no dia 14 de março de 1847. Caso queira procurar essa vila, hoje em dia é mais conhecida como Castro Alves.

 

Seu pai acabou sendo convidado para lecionar na Faculdade de Medicina em Salvador e a família precisou se mudar. Quatro anos depois, Castro Alves se matricula no Ginásio Baiano e foi nesse período que conheceu Rui Barbosa.

 

A veia poética de Castro Alves, se apresentou em tenra idade, aos 13 anos quando, recitou sua primeira poesia em público em uma festa de sua escola, na mesma época em que perdera sua mãe em 1859.

 

Aproximadamente três anos após a morte da esposa, o pai desposa a viúva Maria Ramos Guimarães no dia 24 de Janeiro de 1862 e, no dia seguinte, a família se muda para a cidade do Recife e foi onde o jovem poeta começou com os preparativos para ingressar na Faculdade de Direito.

 

As ideias abolicionistas e a Faculdade de Direito

 

Um detalhe importante que influenciou a ideologia do poeta, ao chegar à Recife, o jovem acabou mergulhando na ideologia republicana e abolicionista. Tais ideais tocaram tão fundo em seu coração que chegou a escrever um poema chamado “A Destruição de Jerusalém” que foi publicado no Jornal do Estado, recebendo ótimas críticas. Quanto a Faculdade, Castro Alves tentou ingressar duas vezes, mas acabou sendo reprovado.

 

Castro Alves também andou visitando teatros que acabou se tornando uma extensão de seus estudos. E foi no Teatro Santa Isabel que acabou conhecendo e se encantando por uma atriz, Eugênia Câmara. Foi durante esse período, no dia 17 de maio, que pública um de seus primeiros poemas sobre escravidão: “A Primavera”.

 

Lá na última senzala, 
Sentado na estreita sala, 
Junto ao braseiro, no chão, 
Entoa o escravo seu canto 
E ao cantar correm-lhe em pranto 
Saudades do seu torrão.

 

Um mês após o lançamento do poema, os primeiros sintomas da Tuberculose começam a surgir, justamente quando escrevia para sua musa, Eugênia. O ano de 1864 foi muito difícil para o poeta, já que foi o ano em que perdeu seu irmão e o ano que finalmente foi aceito na Faculdade de Direito.

 

Nesse período, Castro Alves passa a se dedicar a vida literária e estudantil e começa a publicar seus poemas no jornal “O Futuro” e foi no número quatro que os leitores conhecem seu lado satírico com um poema sobre os estudos jurídicos.

 

O amor e a doença

 

Um de seus poemas “Mocidade e Morte” foi inspirado em um momento em que o poeta pode experimentar na pele o gosto da morte. Ele já havia presenciado a morte por um certo ponto de vista com sua mãe e irmão, porém, no dia sete de outubro, ele foi o próprio palco.

 

No mesmo ano, decide voltar para a Bahia e busca refúgio e descanso na Rua do Sodré, deixando tudo para trás, tratamento e faculdade. No ano de 1865, retorna para Recife, volta para o curso de Direito, e acaba se isolando do mundo com a misteriosa Idalina no bairro de Santo Amaro. 

 

Entre poemas e estudos, no dia 23 de janeiro de 1866 é a vez de perder o pai, contudo, deixou cinco filhos menores de 14 anos e Castro Alves precisou ajudar a viúva e madrasta a cuidar das crianças, nessa época, Castro Alves contava com seus 19 anos.

 

Mesmo com tanta responsabilidade em suas costas, Castro Alves vive um caso de amor com sua musa, Eugênia Câmara. Eugênia era dez anos mais velha que Castro, mas ele não se importava e, juntos, partem para a Bahia onde Eugênia interpreta uma peça escrita por ele “O Gonzaga ou a Revolução de Minas”.

 

Depois disso, Castro Alves decide mudar completamente os ares de sua vida e parte para o Rio de Janeiro. Foi durante essa viagem que ingressa de uma vez por todas no universo literário com ajuda de Machado de Assis. Depois do Rio, é a vez de ficar um tempo em São Paulo e finalizar os estudos de Direito na Faculdade de Direito do Largo São Francisco.

 

Em 1868, novos acontecimentos transformam a vida do poeta, começando pelo rompimento com Eugênia, com a amputação de um pé por causa de um tiro acidental durante uma caçada. Dois anos depois, volta para a Bahia e lança seu primeiro e único livro: Espumas Flutuantes. Único lançado em vida. Abaixo, um de seus poemas famosos.

 

Boa-noite

Boa noite, Maria! Eu vou-me embora.
A lua nas janelas bate em cheio…
Boa noite, Maria! É tarde… é tarde…
Não me apertes assim contra teu seio.

Boa noite!… E tu dizes – Boa noite.
Mas não digas assim por entre beijos…
Mas não me digas descobrindo o peito,
– Mar de amor onde vagam meus desejos.

Julieta do céu! Ouve.. a calhandra
já rumoreja o canto da matina.
Tu dizes que eu menti?… pois foi mentira…
…Quem cantou foi teu hálito, divina!

Se a estrela-d’alva os derradeiros raios
Derrama nos jardins do Capuleto,
Eu direi, me esquecendo d’alvorada:
“É noite ainda em teu cabelo preto…”

É noite ainda! Brilha na cambraia
– Desmanchado o roupão, a espádua nua –
o globo de teu peito entre os arminhos
Como entre as névoas se balouça a lua…

É noite, pois! Durmamos, Julieta!
Recende a alcova ao trescalar das flores,
Fechemos sobre nós estas cortinas…
– São as asas do arcanjo dos amores.

A frouxa luz da alabastrina lâmpada
Lambe voluptuosa os teus contornos…
Oh! Deixa-me aquecer teus pés divinos
Ao doudo afago de meus lábios mornos.

Mulher do meu amor! Quando aos meus beijos
Treme tua alma, como a lira ao vento,
Das teclas de teu seio que harmonias,
Que escalas de suspiros, bebo atento!

Ai! Canta a cavatina do delírio,
Ri, suspira, soluça, anseia e chora…
Marion! Marion!… É noite ainda.
Que importa os raios de uma nova aurora?!…

Como um negro e sombrio firmamento,
Sobre mim desenrola teu cabelo…
E deixa-me dormir balbuciando:
– Boa noite! –, formosa Consuelo…

 

E aos 24 anos, vítima de tuberculose, morre, na cidade de Salvador no dia, 06 de Julho de 1871.

 

Poesias de Castro Alves

 

  • A Canção do Africano
  • A Cachoeira de Paulo Afonso
  • A Cruz da Estrada
  • Adormecida
  • Amar e Ser Amado
  • Amemos! Dama Negra
  • As Duas Flores
  • Espumas Flutuantes
  • Hinos do Equador
  • Minhas Saudades
  • O “Adeus” de Teresa
  • O Coração
  • O Laço de Fita
  • O Navio Negreiro
  • Ode ao Dois de Julho
  • Os Anjos da Meia Noite
  • Vozes d’África

Assinatura

Luciana
Jornalista e editora, mestre em rádio e televisão.

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