Último dia do Festival de Ideias promovido pela Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto apresenta o sociólogo e escritor Alfredo Pena-Vega, a geógrafa Maria Adélia de Souza, e números artísticos de Ni Brisant, Coletiva de Rua Sarau Disseminas e Leser MC
As utopias precisam de uma carga poética para existir? A busca por sabedoria é o que move os pensamentos utópicos? Esses e outros temas serão debatidos nesta terça-feira, 27 de abril, terceiro e último dia da programação do projeto “Revolução Poética – Festival de Ideias”, promovido pela Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto.
O primeiro painel, “Necessidades poéticas do ser humano – utopia?”, contará com a participação do sociólogo e escritor francês Alfredo Pena-Vega, professor e pesquisador do Centre Edgar Morin (EHESS/CNRS), em Paris. “Minha discussão faz a ligação entre a necessidade poética e a utopia. Isto é algo importante hoje, em um momento muito particular para nossa civilização. Vou apresentar as principais linhas de um projeto utópico no qual estou trabalhando, para o qual existe um livro que será lançado na França muito em breve”, adianta o palestrante, colaborador do pensador francês Edgar Morin desde os anos 1990.
Segundo Morin, o ser humano se alterna entre os estados prosaico e poético. Para ele, o prosaico é o que nos faz sobreviver, o que nos move em busca de nossas necessidades. Já o estado poético é quando as emoções afloram, externando a dimensão verdadeira da humanidade de cada um. A grande pergunta que fica é: como equilibrar estes dois estados em nossas vidas? “Com deslumbramento, curiosidade e sabedoria. É claro, isso não é suficiente, mas acredito profundamente na sabedoria. Concordo com Morin que a sabedoria se encontra na vontade de assumir os diálogos humanos. Algumas pessoas usam o termo sabedoria para aliviar sua consciência, às vezes é hipocrisia”, responde Pena-Vega.
E como encontrar espaço para a sabedoria, para o poético, em meio ao caos em que vivemos? “Espero que este encontro possa ser útil para uma reflexão mais global sobre a tragédia humana que a sociedade brasileira está passando dolorosamente hoje. Não podemos falar de humanidade, da sabedoria, de uma necessidade poética quando seu país está se aproximando do abismo”, reconhece o sociólogo francês.
Para discutir o tema junto ao pesquisador, irão compor o debate, a Mestre de Cerimônias da noite, curadora e vice-presidente da Fundação do LivroLivro de Ribeirão Preto, Adriana Silva, a professora Maria de Fatima Costa Mattos, o escritor e educador Ni Brisant, e a arte educadora Brenda Falcão.
Abrindo a noite, às 19 horas, antes da fala de Alfredo Pena Vega, Ni Brisant e a Coletiva de Rua Sarau Disseminas farão a apresentação “Vozes Bússolas: poesia como arte do risco” no palco do Instituto SEB. “Será um número cheio de releituras, com textos curtos. O propósito é estimular reflexões, renovar dúvidas e propor a inauguração de horizontes dentro de cada pessoa”, explica Ni. “Levaremos vozes de um desejo coletivo de um mundo melhor. Educação, saúde e lazer, moradia e alimentação, o direito à cidade não podem ser utopias. É preciso caminhar até elas e encontrá-las”, defende a arte-educadora Marcela Pavam, a Mah MC, integrantes da Coletiva de Rua Sarau Disseminas.
Globalização: entre utopias e distopias
Às 21h, será a vez do músico e produtor cultural Leser MC subir ao palco do “Revolução Poética”, apresentando o espetáculo “Do lado de cá”. “O número foi pensado na questão da visão de territórios, uma visão periférica sobre a globalização, como a gente se expressa e comunica com o resto do mundo e se conecta a muitas outras realidades por meio da arte, que é uma ferramenta de sensibilização e de conscientização”, adianta Leser.
Logo em seguida, será a vez da professora e doutora em geografia Maria Adélia de Souza apresentar sua visão sobre o tema “Por uma outra globalização – entre utopias e distopias”, a partir do livro que empresta o nome ao painel, de autoria do geógrafo brasileiro Milton Santos. “Será uma reflexão sobre como entendemos o processo de globalização e o mundo por ele produzido. Como propõe Milton Santos, um mundo como fábula, fabuloso e enganoso, um mundo como perversidade, criando aceleradamente distopias alimentadas pela submissão ao consumo, que está na ordem do dia do capitalismo contemporâneo. A globalização semeia utopias e distopias em todas as classes sociais, penalizando e constituindo perversidades sobre as classes mais pobres”, explica Maria Adélia.
Para compor o debate com Maria Adélia de Souza, estarão presentes a Mestre de Cerimônias da noite, Adriana Silva, o professor e escritor João Flávio de Almeida, o músico e produtor cultural Elieser Pereira, e Mikael Alerrandro, participante do projeto NAU, uma iniciativa do Instituto SEB para apoiar jovens na conquista de um emprego.
Revolução Poética
O evento “Revolução Poética – Festival de Ideias” será realizado entre 25 e 27 de abril, das 19 às 23 horas, no Instituto SEB – A Fábrica. O evento terá transmissão on-line, sem público presencial. Os palestrantes, assim como os espectadores, estarão em suas casas, participando e acompanhando virtualmente.
O projeto tem em sua base as ideias e reflexões do antropólogo, filósofo e sociólogo francês Edgar Morin, homenageado especial da 20ª edição da FIL – Feira Internacional do Livro, que será realizada em agosto.
O “Revolução Poética – Festival de Ideias” foi contemplado pelo edital ProAc Expresso LAB 40/2020 criado através da Lei Aldir Blanc. Trata-se de um projeto realizado pelo Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, Instituto SEB e Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto.
SERVIÇO
O que: “Revolução Poética – Festival de Ideias”
Data: 25 a 27 de abril de 2021
Horário: 19h às 23h
Transmissão: www.fundacaodolivroeleiturarp.
Programação completa:
25 de abril – domingo
Tema: “Sobre as velhas utopias”
– Documentário “Pioneira Luta”, de Leo Otero | a partir das 19h
– Debate sobre o tema com Philip Fearnside (ecólogo) | a partir das 19h30
– Mestre de Cerimônia e debatedora: Dulce Neves
– Debatedores: Marcela Cury Petenusci, Daniel Bellissimo e Isabela Luciano.
Tema: “Sobre as novas utopias”
– “Conglomerados utópicos, distópicas paisagens”, com Academia Livre de Música e Artes – Alma | a partir das 21h
-Debate sobre o tema com Zuenir Ventura (jornalista e escritor) | a partir das 21 h
– Mestre de Cerimônia e debatedora: Dulce Neves
Debatedores: Yara Racy, Dr. Marcos Câmara de Castro (Prof. Dr. pela USP representando o convênio USP – Alma) e Rhaianne Aguiar.
26 de abril – segunda-feira
Tema: “A utopia realizada”
– “Cidade das Mulheres”, com Tânia Alonso (contadora de histórias) e Thais Foresto (produtora musical) | a partir das 19h
– Debate sobre o tema com Alexandre Ribeiro (escritor) | a partir das 19h30
– Mestre de Cerimônia e debatedora: Viviane Mendonça
– Debatedores: Ana Elídia Torres, Tânia Alonso e Larissa Aires.
Tema: “A maior das utopias”
– “Devaneios”, com De Lucca Circus | a partir das 21h
– Debate sobre o tema com Manuela Salau Brasil (coordenadora técnica da IESol/UEPG) | a partir das 21h30
– Mestre de Cerimônia e debatedora: Viviane Mendonça
– Debatedores: Marília Migliorini, Lucas Santarosa e Pedro Augusto.
27 de abril – terça-feira
Tema: “Necessidades poéticas do ser humano – Utopia?”
– “Vozes Bússolas: Poesia como arte do risco”, com Coletiva de Rua Sarau
DisseMinas e Ni Brisant (educador e escritor) | a partir das 19h
-Debate sobre o tema com Alfredo Pena-Vega (sociólogo, professor e pesquisador do Centre Edgar Morin) | a partir das 19h30
– Mestre de Cerimônia e debatedora: Adriana Silva
– Debatedores: Maria de Fatima Costa Mattos, Ni Brisant e Brenda Falcão.
Tema: “Por uma outra globalização – Entre utopias e distopias”
-“Do lado de cá”, com Leser MC (músico e produtor cultural) | a partir das 21h
-Debate sobre o tema com Maria Adélia de Souza (professora universitária e geógrafa) | a partir das 21h30
– Mestre de Cerimônia e debatedora: Adriana Silva
– Debatedores: João Flávio de Almeida, Elieser Pereira e Mikael Alerrandro.
Sobre a Fundação
A Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto é uma entidade de direito privado, sem fins lucrativos. Trata-se de uma evolução da antiga Fundação Feira do Livro, criada em 2004, especialmente para realizar a Feira Nacional do Livro da cidade. Hoje, é considerada a segunda maior feira a céu aberto do país. Em 2020, a Feira tornou-se internacional e entraria na 20ª edição. Por isso, recebeu recentemente nova identidade, apresentando-se como FIL (Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto), mas sua realização foi remarcada para agosto de 2021, devido à pandemia do novo Coronavírus.
Com uma trajetória sólida e projeção nacional e agora internacional, ao longo de seus 20 anos, a entidade ganhou experiência e, atualmente, além da Feira, realiza muitos outros projetos ligados ao universo do livro e da leitura, com calendário de atividades durante todo o ano. A Fundação se mantém com o apoio de mantenedores e patrocinadores, com recursos diretos e advindos das leis de incentivo, em especial do Pronac e do ProAc.