Acho bem difícil escrever críticas negativas para o trabalho que, de alguma forma, foi, sim, um esforço de outra pessoa.
Em Sonata em punk rock, da editora Gutenberg, Babi Dewet teve a brilhante ideia de criar uma Cidade da Música, um local em que abriga o maior conservatório de música do país com reconhecimento internacional. Sensacional. Gostaria de conhecer e me acho pouco apta a tentar entrar num lugar como esse, mas seria algo com que sonhar.
Ideia, esta?,? muito mal executada.
Valentina, personagem que, pelo histórico de vida, deveria ser forte e servir de exemplo, é confusa, rasa e incoerente. Alguns conceitos e certezas que são levantados, na verdade não estão colocados de forma adequada. Como, por exemplo, o ouvido absoluto da Valentina e o déficit de atenção do Kim. Ter ouvido absoluto não torna ninguém um gênio sem esforço e ralação. O gênio mesmo é o Kim (que por sinal rouba a cena), exímio pianista, extremamente focado, mas que tem a cabeça confusa, o que não é necessariamente um défcit de atenção.
Infelizmente a autora não soube desenvolver sua história, seus personagens e nem as temáticas que resolveu abordar de forma primária ou secundária. E que mais pareciam tópicos de uma matéria que temos que cursar. Temas como feminismo, sororidade, engajamento, abandono, adoção… E até o próprio ensi?n?o de música. ?É como se ela quisesse mostrar que sabe sobre diversos assuntos, mas os trata de forma ?superficial e nada natural. Mas devo confessar que até dá para se divertir.
SONATA EM PUNK ROCK é uma peça equivocada.