Viver é uma tarefa árdua e muito, muito desgastante. Na escola, no trabalho, andando nas ruas e até mesmo em casa, passamos por situações tristes, humilhantes, muitas vezes é difícil conseguir continuar. Imaginem então passar por isso quando se tem um defeito de nascença.
August é uma criança que nasceu com um rosto deformado por conta de um defeito genético. Por muitos anos, passou por diversas cirurgias, talvez passe por mais no decorrer de sua vida. Não há quem o veja na rua e se assuste ou, no mínimo, fique olhando estarrecido para seu rosto.
Apesar disso, August não deixou de viver sua vida. Como qualquer criança possui seus momentos de tristeza e entende bem o motivo que as pessoas olham assustados para ele. Assim como qualquer pessoa ele também tem seus medos. Nesse momento, aos dez anos de idade, seu medo é de ir para a escola.
Na obra Extraordinário (R.J. Palacio, ed Intrínseca) é onde encontramos a trajetória vivida por August Pullman em seu primeiro ano na escola, uma criança que tem como maior dificuldade que as pessoas se aproximem de si sem que se assustem. O medo muitas vezes afasta as pessoas, que temem pelo desconhecido. August já aprendeu que esse é seu maior desafio, mas aprenderá também como mostrar as pessoas o que é carinho e amor incondicional.
Apesar do rosto que assusta a muitos, August é uma criança doce e com um coração de ouro. Por mais que alguém o machuque, ele se importa com a pessoa para que ela não sinta a dor se ser excluído ou deixado de lado, como ele mesmo se sente às vezes. Inteligente e divertido, sempre disposto a ajudar as pessoas e não sabe revidar os comentários maldosos que ouve, pelo contrário, os perdoa, por mais que isso doa.
O livro tem vários narradores. Cada parte uma das personagens conta a história, mostrando seu ponto de vista, suas tristezas e dúvidas. Isso faz com que o leitor possa ver como vários personagens se sentem sobre a situação de August e/ou algum acontecimento. Ter a oportunidade se saber como August se sente sobre seu primeiro ano na escola, acaba sendo mais enriquecedor quando temos essa mesma visão de seus colegas e até mesmo de sua irmã, que está crescendo e às vezes se sente esquecida devido a situação de August. Existem momentos em que é impossível não ficar com os olhos cheios d’água ao se deparar com um desabafo do narrador. Em outras, gargalhadas são dadas sem a mínima chance de se conter (comigo foram diversas vezes no ônibus, acredito que muitos achavam que eu era louca).
Li o livro no início do ano, mas somente agora, em julho, consegui escrever algo sobre o livro. Não foi por falta de tentativas, tentei diversas vezes. Mas encontrar as palavras certas para descrever essa obra é muito difícil. O texto ou a narrativa feita por Palacio não tem nada de complicado, pude ler tranquilamente. No entanto, sempre que começava a escrever, vinha aquela sensação de que as palavras usadas para descrever a obra não a descreviam corretamente. É impossível procurar no dicionário a frase certa para falar aqui o achei do livro.
Agora, meses depois, percebi que só tem uma palavra que melhor se encaixa na descrição da obra. Estava bem na frente por meses, mas só percebi isso agora: EXTRAORDINÁRIO. O livro faz jus ao seu título.