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O Fim de Todos Nós

971360_530508413653576_479307189_nMegan Crewe nasceu em 1980 em Toronto, no Canadá. Desde cedo já gostava de escrever contos e histórias fantasiosas. Estudou psicologia na Universidade de NY e hoje trabalha com jovens que apresentam necessidades especiais nos Estados Unidos. Seu primeiro romance publicado – “Give Up the Ghost” – conta sobre uma adolescente que prefere a companhia dos espíritos a dos humanos. “O fim de todos nós” (ed Intrínseca) é o primeiro livro de uma trilogia apocalíptica.

O livro foi escrito na forma de diário, dividido em três partes: Sintomas, Quarentena e Mortalidade. Quem escreve o diário é Kaelyn, uma adolescente de 16 anos que mora na ilha onde nasceu, e decide escrever sobre seu dia-a-dia para o amigo Leo, o qual teve um desentendimento e que foi embora para estudar no continente. Arrependida por não haver se despedido, fica na esperança de poder entregar esse diário em algum momento no futuro.

Na parte do livro “Sintomas” – Kaelyn relata seus dias como uma adolescente que decide ser uma nova pessoa, começar uma nova fase de vida de forma mais sociável e esperando pela oportunidade de um dia pedir perdão ao seu ex-melhor amigo. O pai de Kaelyn é microbiologista e trabalha no único hospital da ilha. Sendo assim, ela acompanha de perto os casos de pessoas contaminadas por um estranho vírus, onde no estágio inicial ocorrem as crises de tosse, os espirros e coceiras em variadas partes do corpo. Em seu segundo estágio, o vírus ataca o sistema nervoso; a vítima torna-se extremamente sociável, sincera, desinibida e com alterações de personalidade. Ao último estágio, os danos cerebrais causam alucinações, falta de discernimento quanto às atitudes e descontrole das ações e pensamentos, e então a pessoa morre. Quando o governo percebe a rapidez em que o vírus se espalha, conclui que a área apresenta alto risco, e então decidem isolar a ilha.

O caos foi declarado.  Em “Quarentena” o leitor é levado à uma região onde as pessoas ficam presas às suas casas para não serem contaminadas. As ruas ficam abandonadas, o comércio não funciona. Os mais desesperados invadem os mercados levando todos os suprimentos que conseguem carregar, alguns para consumo próprio, outros para ajudar a quem precisa. A escassez de comida e de água potável ameaça a comunidade, a comunicação por telefone e internet é cortada. E nenhum especialista consegue encontrar meios de deter esse misterioso vírus. A única coisa que sabem é que as vias de contaminação são através de qualquer contato direto ou indireto com alguma vítima. Muitas perdas, pessoas próximas à Kaelyn morrem por causa da doença, ou por lutar pelos direitos humanos e sobrevivência. Juntamente com mais dois amigos, ela sai de casa em casa, vai para o hospital, tentando ser útil de alguma forma para tentar salvar a humanidade, ainda que tenha que correr riscos.

“Mortalidade” é a última (e maior) parte do livro, Kaelyn fica órfã de mãe, não tem mais tempo com o pai, já que ele passa a maior parte do tempo no hospital, ajudando a amenizar os sintomas das pessoas infectadas pelo vírus, procurando uma cura ou maneira de frear sua disseminação. Kaelyn também vivencia todos os estágios da doença letal, porem sobrevive, tornando-se uma das seis pessoas que tiveram a sorte de vencer o vírus. Tenta entender os motivos de ter escapado da morte, quer descobrir o que aconteceu para poder salvar outras pessoas, inclusive sua prima mais nova que, depois de ter ficado órfã, também ficou doente. Seu irmão Drew desaparece após tentar encontrar um meio de levar sua família embora da ilha, procurando uma solução e ajudar as pessoas que ele ama. Acha que agindo assim, seu pai não o rejeitará tanto por ser homossexual.

Dramas, desespero, medo, violência, mortes. Revolta diante de um governo desorganizado ao atender às necessidades dos cidadãos. Mas dentre os relatos deste caos que parece estar extinguindo a população da ilha, há também solidariedade, união e fraternidade até mesmo entre as pessoas desconhecidas. No final do livro, por pouco não parei de ler pela indignação que senti ao ver que depois de tudo que Kaelyn havia feito, depois de ter se tornado mais forte, depois do amadurecimento, parecia estar desistindo. Mas continuei até o final, e foi então a parte que achei mais emocionante, pela profunda reflexão que nos proporciona e reviravolta. Um exemplo de que mesmo quando parecemos ter chegado ao nosso limite, ao fundo do poço, ainda somos capazes de fazer mais, com força de vontade, determinação e agradecimento por tudo e todos aqueles que ainda temos em nossa vida. Espero que o segundo livro chegue logo!!!

Luciana
Jornalista e editora, mestre em rádio e televisão.

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