Escrever sobre uma das obras mais importantes da literatura não é fácil. Por muitas vezes me tomo pelo medo ao começar a escrever sobre isso, os dedos sentem o peso da obra e dificulta a escrita, a mente se enche de preocupação de fazer uma besteira. Em uma palavra: medo. Tenho medo de não conseguir fazer uma resenha à altura da obra.
Mas entendam que o medo não foi criado diante do significado do livro para o mundo (embora este seja inestimável). Esse medo foi criado por mim mesmo no momento em que tive o prazer de possuí-lo e a experiência de lê-lo. À medida que passava as páginas, encontrava mais uma personagem para admirar e desejar ser parecida com eles.
Livro tem como personagem central Jean Valjean, um podador de árvores pobre que vive com a irmã e os sobrinhos na França. Durante um inverno rigoroso na França, a fome se alastrou para diversas famílias, muitos franceses morriam ou se fome ou de frio. A família de Jean Valjean não foi diferente, estavam passando fome e não tinha emprego por conta do inverno para comprar comida. Em um ato desesperado, Jean Valjean rouba um pão em uma padaria, mas acaba sendo pego e vai para a prisão onde fica por quase 20 anos. É lá que nosso herói vai conhecer Javert, um homem que não acredita que um criminoso possa ser recuperado.
A história se inicia com a saída de Jean Valjean da prisão e buscando um meio de se recuperar em uma sociedade que, assim como Javert, não crê que criminosos se regenerem. Ele passa a ter dificuldades para arrumar emprego e lugar para dormir quando mostra seu passaporte amarelo (indicativo de que foi um prisioneiro). Embora as pessoas ajam dessa maneira como meio de evitar problemas e, claro, por medo, essa ação acaba provocando uma ação contrária em um ex-condenado: o retorno ao erro. E com Jean Valjean não poderia ser diferente.
A vida de Valjean muda quando chega à cidade de Digne, onde conhece um bispo que vive com humildade e transforma o coração de Valjean. Após essa experiência, nosso herói muda sua vida e passa a viver para ajudar as pessoas miseráveis.
No decorrer dessa história, Jean Valjean conhecerá Fantine, uma jovem rechaçada pela sociedade por ser mãe solteira. Valjean promete à Fantine, que está à beira da morte, que cuidará de sua filha, Cosette. Jean Valjean passa a amar essa menina com todas as suas forças. Ao adotar a criança, ali surgiu um pai em seu espírito, com desejo ardente de proteger aquela criança de todo mal e dar a ela tudo que ela merece.
Durante todo o livro Jean Valjean é perseguido por Javert. Simultaneamente, vemos Jean Valjean, Cosette e várias pessoas que vivem ao seu redor, muitos vivendo na miséria, outros se aproveitando da ingenuidade alheia. Esse e todo o âmago da história: mostrar que as pessoas mais humildes têm um grande coração. Entre elas (em sua maioria, pelo menos) existe cooperação e empatia.
O livro relata também o início da revolução francesa, onde seus ideais (liberdade, fraternidade e igualdade) tornaram referência para a declaração universal dos direitos humanos. Victor Hugo relata esse momento de tensão e luta das classes sociais na França de uma forma clara e emocionante.
Os Miseráveis é uma obra grande, contendo mais de 1000 páginas em suas edições. No entanto, seu tamanho não deve ser empecilho para a leitura, o texto não é rebuscado, o que torna a leitura mais ágil e agradável. As personagens fazem qualquer leitor se apaixonar e deixa quem lê louco para saber o que irá acontecer.