São José do Rio Preto – São Paulo 19/5/2021 – O receio do uso da ureia na pecuária por medo de perder os animais por intoxicação por ureia ficou para trás.
Alguns pecuaristas temem o uso do componente devido ao risco de intoxicação que acontece quando o produto entra em contato com a água.
Todo ano, o produtor rural se depara com um grande problema: como manter a alta produtividade no período da seca? Desde as propriedades consideradas pequenas até as com milhares de cabeças de gado enfrentam esse desafio. Entre o uso dos suplementos, a ureia se destaca como parceira do ganho de peso na falta de chuvas.
A ausência de pasto impacta negativamente na balança. Pela falta de oferta de alimentos, reforçar o consumo de nutrientes no cocho torna-se a opção mais viável e indicada por especialistas e instituições como a Embrapa.
A ureia é uma fonte de nitrogênio com baixo custo no mercado que mantém o peso do animal mesmo com a falta de pasto. O uso já é bem estabelecido no Brasil, inclusive, sendo em larga escala. Sobre o custo, a ureia tem valor comercial mais baixo que o das silagens, outra forma de alimentação muito oferecida na seca e até mesmo o próprio feno.
“Os resultados provocados pelo uso da ureia na seca são positivos já que há um aumento de produtividade ao melhorar o trato digestivo e o consumo de proteínas, tão importantes para o desenvolvimento e engorda do rebanho. Além do oferecimento de energia necessária para as atividades da lida”, explica José Carlos Ribeiro, consultor agropecuário da Boi Saúde.
Outra vantagem do consumo da ureia por bovinos é promover um consumo maior de pastagem mesmo seca e melhorar o aproveitamento de alimentos volumosos.
Alguns pecuaristas temem o uso do componente devido ao risco de intoxicação que acontece quando o produto entra em contato com a água. “É muito comum, nos deparamos com relatos de propriedades que perderam animais ou por excesso na dosagem, ou por consumo daquele líquido conhecido como sopão, que é aquela água acumulada”, indica Ribeiro, que é especialista em agronegócio pela Esalq/USP.
Quando a ureia pecuária comum, aquela que não pode ser molhada, é fornecida no cocho, o produtor precisa fazer uma adaptação das dosagens e não oferecer 49 gramas a cada 100 quilos de peso vivo por dia/cabeça logo no início do fornecimento. É recomendado que o organismo do animal absorva a ureia gradualmente para se adaptar. Ainda, o sabor da ureia pecuária comum não é considerado palatável, sendo outro fator que desanima os produtores pelo consumo não ser como o esperado.
Hoje, o mercado pecuário brasileiro já oferece uma categoria de ureia que, mesmo molhada, pode ser consumida, sem causar nenhum dano à saúde do animal. Ainda, esse produto também não precisa de adaptação nas primeiras semanas de consumo e tem um sabor mais agradável.
No momento da escolha, a pessoa responsável pela compra deve estar atenta sobre qual ureia será adquirida. Por mais que existam vários tipos disponíveis no mercado como a agrícola e a fertilizante, a única que realmente pode ser oferecida é a ureia pecuária.
A justificativa é uma só: os demais tipos causam problemas e danos à saúde dos bovinos e qualquer outra espécie que venha a consumi-la. Então, a orientação é ficar de olho no rótulo e ler sempre as instruções de uso.
O que fazer em caso de intoxicação por ureia?
A principal ação é administrar via oral entre três e quatro litros de ácido acético a 5% ou o vinagre, aquele comum comercializado em supermercados. O ideal é repetir essa dosagem a cada três horas, em caso de persistência dos sintomas.
É preciso sempre consultar o veterinário e zootecnista de confiança para análise e melhor conduta de tratamento.