São Paulo, SP 13/5/2021 –
A ansiedade trazida ou ampliada pela pandemia de COVID-19, e as preocupações a respeito de questões como desemprego, tensão política e do isolamento social para reduzir o risco de contágio, têm levado ao aumento do número de casos da cardiopatia chamada de síndrome de Takotsubo.
A ansiedade trazida ou ampliada pela pandemia de COVID-19 e as preocupações a respeito de questões como desemprego, tensão política e do isolamento social para reduzir o risco de contágio, têm levado ao aumento do número de casos da cardiopatia chamada de síndrome de Takotsubo – ou, como é mais conhecida, “síndrome do coração partido”.
Desencadeada por eventos estressantes, causa dor no peito e falta de ar ou cansaço, apresentando-se como se fosse um ataque cardíaco. Embora não ocorra obstrução da corrente sanguínea no interior de uma artéria, as consequências para o músculo cardíaco são as mesmas de um infarto. O nome Takotsubo é adotado em referência ao aspecto que o coração dos pacientes adquire, lembrando um jarro utilizado no Japão para capturar polvos. A doença foi descrita pela primeira vez em 1990, justamente no Japão.
Estudo publicado em fevereiro pelo Journal of Cardiac Surgery mostra que antes da pandemia, entre 1,5% e 2% dos casos de síndrome coronariana aguda eram atribuídas a cardiomiopatias associadas ao estresse. Durante a pandemia essa proporção subiu para 8%.
O trabalho comparou dados coletados em dois hospitais de Cleveland (EUA), entre 1º de março e 30 de abril do ano passado, e analisou a incidência de cardiomiopatia por estresse em 1.914 pacientes com síndrome coronariana aguda. “Este aumento na cardiomiopatia de estresse é provavelmente resultante de aumento do estresse emocional e psicológico relacionado ao isolamento social, que pode ser exacerbado pelas consequências econômicas do fechamento” (do comércio), afirmam os autores da publicação.
O cardiologista intervencionista dos hospitais Sírio-Libanês e 9 de julho, e professor da Universidade de São Paulo (USP), Marco Antônio Perin relembra que a Sociedade Brasileira de Cardiologia realiza um estudo para conhecer o perfil da doença e tornar mais preciso seu diagnóstico. “Com essas informações, poderemos proporcionar tratamentos mais eficazes para quem sofre dessa condição” relata o cardiologista. “A COVID-19 não só impactou a frequência com que os pacientes procuram os hospitais para exames regulares, mas também teve efeitos econômicos, o que gera temor pelo risco de desemprego. Tudo isso tem um custo em termos de saúde do coração.”
O diagnóstico da doença Takotsubo considera dados obtidos a partir da entrevista clínica, exame físico, exames laboratoriais e de imagem, e do conhecimento da anatomia das artérias coronárias através da realização do cateterismo cardíaco.
Marco Perin destaca que não há atualmente um modo completamente eficaz de prevenir a síndrome do coração partido, “mas é possível reduzir os agentes estressores, aumentar a prática de exercícios físicos para alívio da ansiedade, mesmo em casa, e procurar atendimento cardiológico com urgência em casos de dor no peito ou falta de ar.”
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