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Pagando por Sexo

O quadrinista Chester Brown lançou no ano passado mais uma obra que está gerando burburinho no mundo inteiro (e muita procura nas livrarias também). Sua última obra entrou para a lista dos mais vendidos do NY Times e agora, que chegou ao Brasil está sendo muito procurado. A obra tão comentada é Pagando por Sexo (ed. WMF Martins Fontes), uma HQ autobiográfica que relata o encontro do autor com várias prostitutas.

Na HQ, Chester conta como o fim de um namoro fez ele perceber que não queria relacionamentos amorosos, mas de seu desejo por sexo. Após pensar muito, Chester chegou a conclusão que namorar somente para obter sexo não era interessante e que, no seu caso, era até mais frustrante, pois o fazia ter um sentimento de dominação pela parceira, o que ele acredita que o fazia ser uma pessoa egoísta e até mesmo má para sua parceira.

O autor se mostra muito honesto aos fatos. Ele mesmo não sabia como contratar prostitutas, o que fazer e/ou não fazer, como e quando pagar, etc. No início ele chega a ler sobre o assunto mas ainda assim aprendeu muito no dia a dia e como ele se sentia em alguns momentos constrangedores, como quando a pessoa não era nada como havia sido relatada ou não lhe dava prazer.

Brown separou a maioria dos capítulos não por episódios, mas pelas pessoas com quem se relacionou sexualmente. Isso tornou o livro mais interessante no meu ponto de vista, pois o leitor percebia não só o interesse de Brown, mas nos dá a oportunidade de conhecer um pouco mais da personalidade das mulheres um pouco mais sem nos confundirmos (pois foram muitas mulheres que ele pagou para transar).

A medida que a história se desenrola, podemos ver melhor os pensamentos das prostitutas, muitas escondem o que fazem da família e dos amigos (uma até admitiu que julgaria se uma amiga fosse prostituta e assumisse) e o porquê algumas trabalham com isso.
É claro que a visão do autor também é percebida, mas no caso de Brown, o interessante é ver seu amadurecimento diante da situação. Se a principio pagar por sexo era somente uma ideia interessante, com o passar dos anos vemos o autor indo mais além. Brown começa a questionar a situação da prostituição em seu país, de onde surgiu a ideia de que o amor e o sexo devem andar juntos e quais seriam os prós e os contras de se regulamentar a profissão. Um dos melhores capítulos do livro na minha opinião, é quando Brown conversa com um amigo sobre o que seria melhor: regulamentar a prostituição ou somente descriminaliza-la?

Pode parecer até um pouco bobo uma HQ onde se fala das relações sexuais, suas posições, situações embaraçosas e irônicas (ou para alguns, excitante), mas ao mesmo tempo vi isso de uma forma muito interessante. Acredito que muitos homens e mulheres já tiveram as mesmas dúvidas ou passaram por situações como as de Brown ao pagar por sexo e irão se identificar com o autor em alguns momentos. Mas não acredito que Brown publicou a HQ para isso.

Na minha opinião, a intenção de Brown não é criar polêmica quanto ao assunto, mas sim expor o ponto de vista que ele tem sobre o assunto, as conclusões que chegou após conhecer e pesquisar mais sobre a questão da prostituição e os motivos que a levaram a ser considerada criminosa no Canadá, para então buscar mudar essa realidade. Brown até entrou para a política, com a intenção de mudar a situação da prostituição.

O livro me fez pensar sobre a situação da prostituição junto ao Governo e sociedade. No final Brown incluiu uma parte complementar, onde enfatiza seu ponto de vista, interpondo sua opinião com argumentos de quem é contra. Embora não concorde com todos eles, o autor soube colocar sua opinião em detalhes importantes do tema. Para mim, valeu muito a pena ler.

Prostituição no mundo

A prostituição é considerada por muitos uma das profissões mais antigas do mundo. É citada no antigo testamento na bíblia e em diversos livros históricos. No Canadá, a prostituição é considerada crime, assim como nos EUA e em outros países. A Alemanha e Holanda regulamentaram a profissão e hoje recebe muitos visitantes curiosos para conhecer o famoso bairro da luz vermelha.

No Brasil a prostituição é regulamentada (ou seja, quem admite a profissão tem direitos trabalhistas), mas manter casas específicas para esse fim sim. Hoje há uma proposta no senado que propõe que os prostíbulos sejam regulamentados. A intenção pode gerar com que prostitutas tenham direitos trabalhistas (carteira assinada, 13º salário, aposentadoria, etc) e evitaria subornos junto a policiais corruptos.

Luciana
Jornalista e editora, mestre em rádio e televisão.

2 thoughts on “Pagando por Sexo

  1. Meu namorado falou muito bem desse livro, ele me mostrou uma vez e contou a história. Achei interessante ver uma opinião sobre um assunto tão delicado mas que não menospreza a mulher nessa profissão.

    Parabéns pelo blog.

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