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Parnasianismo: a arte pela arte

O Parnasianismo foi uma escola literária com influências clássicas, que aconteceu do final do século XIX até o início do Modernismo.

 

Origens do Parnasianismo

Este movimento literário surgiu na França, e tinha o objetivo de representar uma escrita literária mais positivista (tem o conhecimento científico como único verdadeiro).

O nome Parnasianismo é uma homenagem ao Monte Párnaso, na Grécia. De acordo com a Mitologia Grega, é o local aonde o deus Apolo e suas musas residiam. Foi também o espaço escolhido por alguns dos poetas parnasianos para compor seus sonetos.

Assim sendo, já podemos ver que os poetas deste movimento se influenciavam e buscavam um estilo Greco-Romano. 

O Parnasianismo foi contemporâneo ao Realismo, porém não segue o mesmo estilo dos realistas. De fato, Memórias Póstumas de Brás Cubas em nada se parece com o Soneto Vaso Chinês, por exemplo.

Vaso Chinês

Estranho mimo aquele vaso! Vi-o,

Casualmente, uma vez, de um perfumado

Contador sobre o mármor luzidio,

Entre um leque e o começo de um bordado.

Fino artista chinês, enamorado,

Nele pusera o coração doentio

Em rubras flores de um sutil lavrado,

Na tinta ardente, de um calor sombrio.

Mas, talvez por contraste à desventura,

Quem o sabe?… de um velho mandarim

Também lá estava a singular figura;

Que arte em pintá-la! a gente acaso vendo-a,

Sentia um não sei quê com aquele chim

De olhos cortados à feição de amêndoa.

Alberto de Oliveira, 1886

De fato, a escrita parnasiana não tinha interesse em fazer críticas e questionamentos sociais, com os realistas faziam. No entanto, podemos ver uma semelhança entre estas duas escolas literárias.

Características do Parnasianismo

Assim como no Realismo, os sonetos parnasianos não são subjetivos. Ao contrário, privilegiam uma escrita objetiva, distante de seu leitor.

Dessa forma, nunca encontraremos poemas em 1ª pessoa, ou mesmo mais relacionais. Os sonetos normalmente tratam da descrição ou da valorização de objetos, e também da apresentação de um amor.

Assim, o Vaso Chinês é um ótimo exemplo! Nele, o eu lírico observa o objeto, e descreve as sensações que teve ao mirá-lo. Podemos ver uma escrita objetiva, e concisa. Não temos detalhes profundos dos sentimentos de quem escreve, ou do vaso.

O Parnasianismo é uma escola literária lírica, ou seja, nunca encontraremos textos em prosa, apenas em formato de Soneto.

As criações parnasianos são milimetricamente feitas sempre em 14 versos, sendo 2 tercetos e 2 quartetos. 

A arte pela arte

É este o objetivo principal dos parnasianos: a arte pela arte! Isto é, promover uma escrita perfeita, correta, regrada. 

De fato, os sonetos não são fáceis ou agradáveis de se ler, mas isso não importa: o necessário é serem sempre bonitos, e esteticamente perfeitos. 

Desse modo, em busca da arte pela arte, os poetas parnasianos utilizam a Rima Rara, ou seja, palavras de grande complexidade, que terminam com sonoridade parecida. Veja o soneto abaixo, de Raul de Leoni:

Argila

Que ouço ao longe o oráculo de Elêusis.

Se um dia fosse teu e fosse minha,

O nosso amor conceberia um mundo

E de teu ventre nasceriam deuses.

Nele, o substantivo Elêusis faz rima com deuses.

No Brasil, o Parnasianismo teve como principais os poetas Raimundo Corrêa, Alberto de Oliveira e o famoso Olavo Bilac, um dos que inaugurou a Academia Brasileira de Letras.

Para entender mais sobre as escolas literárias, leia nosso post sobre o tema!

Liv
Mestranda em Literatura e Crítica Literária. Me considero uma pessoa multipotencial, com gostos e interesses diversos. Mudo de trabalho, troco de bairro e deixo amigos de lado, mas livros e literatura nunca saem da minha vida.

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