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Sêneca: Estoicismo e Fragilidade Humana

O que Sêneca, jovem bem-sucedido, conselheiro da maior autoridade política do seu país, depressivo e frágil poderia ter ensinado sobre a vida? 

 

Sêneca e sua trajetória de vida

Lúcio Aneu Sêneca, ou Sêneca, o Jovem, era filho de Hélvia e Marco Aneu Sêneca (Sêneca, o Velho; um escritor e professor). Nascido na Espanha, com três anos de idade se mudou para Roma devido aos estudos. Porém, sua saúde começou a ser afetada pelos estudos intensos o levando a morar no Egito por certo tempo depois regressando a Roma e chegando até ao senado.

Anos depois, Sêneca foi acusado de adultério com a sobrinha do imperador Cláudio sendo exilado para Córsega, na França, em consequência. Foi nessa fase que ele voltou motivado aos estudos e escreveu “Consolações” no qual compõe os princípios estoicos clássicos. Ele retorna para Roma e passa a ser preceptor de Nero, que viria a ser um imperador romano enigmático tomando posse com 16 anos de idade. 

Depois da morte do imperador Cláudio, Sêneca escreve textos criticando-o e satirizando-o em evidente vingança.  Em relação ao cristianismo, acredita-se que ele trocou cartas com o apóstolo Paulo e os cristãos absorveram seus princípios estoicos ao escrever livros da Bíblia. 

Tornou-se conselheiro de Nero, orientando-o em prol do humanitarismo, mas inevitavelmente foi sendo complacente devido à maldade crescente do imperador. Mais tarde a situação foi piorando ainda mais, quando Sêneca foi acusado de não ser fiel ao estoicismo pela fraca oposição à tirania e riqueza de Nero. 

Nos seus anos finais, Sêneca foi denunciado por supostamente ajudar a planejar o assassinato do imperador. Em resposta, Nero ordenou que ele se matasse. De forma ordeira e quiescente, como todo bom estoico, cortou seus pulsos e vasos sanguíneos das pernas na presença dos próprios amigos. Sua mulher também tenta se suicidar, mas Nero, por medo da repercussão, ordenou que médicos a tratassem. 

 

Filosofia e Obra de Sêneca

Os estoicos acreditam que só as virtudes levam à felicidade, a adequação das vontades, deixando de lado qualquer sentimento irracional e alcançando a ataraxia — ausência de perturbações da alma. 

O alcance da felicidade, segundo o estoicismo depende então de:

  • Compreender quer eventos externos não podem ser modificados
  • Desejar apenas o que depende de nós mesmos
  • Eliminar ao máximo os vícios e as paixões

Entre cartas, diálogos, ensaios, sátiras e tragédias, Sêneca deixou um legado prolífico. “Consolationes” é um dos livros mais populares, dividido em três textos:

 

Consolatio ad Marciam

Esta foi escrita para Márcia, uma dama aristocrata de Roma. Ela estava passando por uma fase difícil, luto pela morte do pai e do filho mais velho.  Sêneca tinha o objetivo de proporcionar algum alívio mental a ela por meio da sua escrita repleta de ensinamentos sobre a instabilidade da raça humana, como ser sereno perante a morte, entre outros.

 

Ad Polybium

Escrito também durante seu exílio, destinado a Polybius, que estava de luto pela morte do irmão. Abordava a realidade inescapável da morte, estoicamente.

 

Consolatio ad Helviam

Esse texto foi escrito quando estava exilado na França, preocupado com a falta que sua mãe sentiria dele. Nela há relatos de acontecimentos de vida familiar, para distração e para convencê-la de que ele não estava tão mal em sua estadia no exterior. 

Mesmo em uma ilha selvagem, Sêneca argumentava que encontrava conforto na nova vida, que conseguia carregar consigo suas virtudes para onde for. Pobreza, sofrimento e desprezo — elementos externos de um ambiente — não o influenciavam.

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Colaborador Beco das Palavras
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