Home>Cultura>Música>Kuduro: Uma Voz na Música, Dança e História

Kuduro: Uma Voz na Música, Dança e História

Kuduro não é só um ritmo de dança. É também um gênero musical e representa até mesmo a bagagem histórica de um povo. Saiba mais sobre o Kuduro! 

Kuduro é um gênero originalmente angolano da música e da dança e que sofreu muita influência do rap. O estilo surgiu por volta dos anos 80, na Luanda, mas recentemente tem se espalhado em vários outros países cuja língua portuguesa é oficial. 

Uma definição mais técnica do que seria Kuduro é que o gênero se trata de uma fusão entre: soca e zouk (ritmos tradicionais caribenhos), samba (o típico da Angola) e o tecno europeu. Tudo isso em um beat rápido.

 

Como surgiu o Kuduro?

 

Como música angolana

 

Assim com o funk carioca, Kuduro é um gênero da periferia que ganhou visibilidade repentinamente. Os produtores angolanos começaram a mixar samples de melodias populares do Caribe. Nessa época, o país ainda sofria os impactos de conflitos civis e o gênero ajudou muitos jovens a se encontrarem.

Nesse tempo, as emigrações de angolanos para Portugal também cresceram, o que definitivamente fez o ritmo se espalhar pelo mundo. Por outro lado, os produtores africanos foram incrementando o gênero com mais batidas eletrônicas criando assim o Kuduro progressivo.

 

Como dança angolana

 

Segundo Tony Amado, um dos principais produtores, o conceito da dança começou pontualmente com uma cena do ator Jean-Claude Van Damme, em 1989, dançando embriagado e em um ritmo bem diferente no filme “O Desafio do Dragão” como Kurt.

Os movimentos dessa dança angolana que intercalam quietude e movimento, passos bruscos, movimentos interrompidos e débeis são propositais. O que há por trás disso é a história do povo angolano. Essa coreografia serve como lembrança do que aconteceu após a guerra de Independência da Angola, onde haviam minas plantadas que deixavam as vítimas amputadas. Estima-se que foram de seis a 20 milhões de vítimas, sendo que um em cada 334 indivíduos foram amputados.

 

Kuduro pelo tempo

 

O gênero teve três fases distintas que duraram aproximadamente 10 anos, cada:

  • Primeira Geração

Iniciou no começo dos anos 90. Os produtores eram jovens da classe média e a música era mais voltada para o tecno, sem tantos vocais presentes.

  • Segunda Geração

Nessa época havia o conceito do “Do it Yourself (DIY)” junto com a popularização de computadores no país. Os músicos utilizavam o software Fruity Loops, muito útil até hoje entre produtores musicais. Os vocais começaram a ser inseridos e a produção foi se massificando.

  • Terceira Geração

Nessa geração o Kuduro começou a sofrer influência da Afrohouse, que tem beats mais lentos. O Fruity Loops também foi sendo deixado de lado para ser substituído pelo LogicPro e Cubase.

 

Principais artistas do Kuduro

Dog Murras é um dos músicos angolanos mais destacados do Kuduro. Seu nome é Murthala de Oliveira e é formado em Belas Artes, por uma escola da África do Sul.

Titica, a música e dançarina Teca Garcia, também é outra estrela angolana. Muitas vezes é referida como “Diva do Kuduro” pela imprensa e já ganhou prêmios internacionais. A música “Chão” é uma das mais populares do ritmo.

O Puto Português, nome artístico de Lino Fialho, também começou sua carreira no Kuduro, há mais de 11 anos. O segundo disco lançado pelo angolano se chama “KUDURO IS LIFE”.

Quanto aos artistas mais famosos, M.I.A., a rapper norte-americana também se envolveu com o ritmo compondo a “Sound of Kuduro” com um grupo português.

Um angolano analisou letras das músicas do Kuduro. Wakala Muzombo, que também é professor de português, disponibilizou na internet sua análise literária do movimento, clique aqui para acessá-la!

 

Luciana
Jornalista e editora, mestre em rádio e televisão.

Deixe uma resposta