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Lima Barreto: quem foi e qual sua importância

Afonso Henrique de Lima Barreto. Escritor carioca, negro e patriota. Foi notável na literatura, embora frustrado pelos conflitos da sua época.  

Lima Barreto nasceu alguns anos antes da abolição da escravatura e mostrou ter grande importância para a literatura brasileira. Os avôs de Lima Barreto eram escravos, então seus pais já possuíam uma saúde mental afetada por essa condição. Quando ele tinha seis anos de idade, sua mãe faleceu e seu pai precisou trabalhar mais ainda para cuidar de Barreto e seus irmãos.

Com 26 anos de idade, Lima Barreto deu seu primeiro passo rumo à carreira literária escrevendo para a revista Fon-Fon, que havia publicado ilustrações até mesmo do pintor Di Cavalcanti e tinha como foco sátiras políticas e crônicas sociais. Nessa fase da sua vida ele precisou também abandonar o curso de Engenharia na Escola Politécnica para cuidar do pai e dos irmãos. Com o tempo, sentiu seu trabalho sendo desvalorizado na empresa e resolve lançar sua própria revista, a Floreal.

Então, quatro anos depois, publica sua obra “Triste Fim de Policarpo Quaresma” arcando ele mesmo com todos os custos envolvidos. Barreto era um jovem muito observador. Ele tinha o ideal de separação das vanguardas europeias e sentia o Pré-Modernismo crescendo dentro de si. Então ele lutava para expor essas ideias, como a de abandonar o idioma português colonizador para aderir ao tupi-guarani, a língua genuína do território brasileiro, para ele.

Embora tenha escrito seu primeiro livro, ele não teve muito alcance o que piorou sua autoconfiança levando-o à depressão e ao alcoolismo. Depois disso acabou sendo internado várias vezes para cuidar da sua saúde mental. Aos 41 anos de idade, teve um colapso cardíaco que levou ao seu falecimento. 

A obra de Lima Barreto

Sua obra de estreia foi “Recordações do Escrivão Isaías Caminha”. Nesse livro o traço autobiográfico é muito forte; foi um romance voltado para a questão do racismo.

Em seguida veio sua obra-prima “Triste Fim de Policarpo Quaresma”. Foi um dos maiores marcos do Pré-Modernismo, mas Lima Barreto não foi nem mesmo chamado para a Semana de 22 — o que agravou ainda mais seus sentimentos de frustração. O livro é uma sátira política com traços patriotas na narrativa.

Escreveu uma série de outros livros, mas outro destaque foi “Os Bruzundangas”. Foi publicado somente após a sua morte, mas foi uma das melhores sátiras produzidas sobre a sociedade brasileira na Primeira República.

Os dois primeiros livros de Lima Barreto junto com “Clara dos Anjos”, “Vida e Morte de M.J. Gonzaga de Sá” e alguns contos serviram como base para a criação da telenovela “Fera Ferida”. Foi um sucesso da Globo, em 1993. Cinco anos depois foi lançado um filme baseado igualmente em sua obra, o “Policarpo Quaresma, Herói do Brasil”.

Barreto e sua importância

Além da sua carreira literária, esse importante escritor brasileiro também marcou a história como intelectual. Quanto à questão racial, por exemplo, Lima Barreto é uma grande inspiração para os ativistas da atualidade, principalmente quando comparado a Machado de Assis. 

Afirma-se que Machado de Assis, assim como Lima Barreto, sofreu pressão social por conta da sua cor. A diferença é que Machado procurou se adaptar e driblar as críticas, já Barreto optou mais pela resistência — tanto pessoal quanto profissional. Em suas narrativas sempre haviam denúncias de uma sociedade cínica e preconceituosa.

A historiadora Lilia Schwarcz dedicou 10 anos para o estudo da produção literária de Lima Barreto. Entre os pesquisadores da História é bem comum, de fato, explorar as narrativas retratadas por ele. O Correio Braziliense lançou algumas perguntas à pesquisadora, confira na íntegra.

Luciana
Jornalista e editora, mestre em rádio e televisão.

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