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Um Retrato do Cinema Novo 

O Cinema Novo fez parte da arte nacional. Descubra o que foi o movimento, como ele influenciou o cinema brasileiro e algumas produções de destaque.

O Cinema Novo trata-se de uma fase específica do cinema nacional, correspondente aos anos de 1950 a 1970. A igualdade social e o intelectualismo foram as principais frentes desse movimento do cinema brasileiro. Por que os novos filmes não poderiam servir como influência para uma reforma econômica, então?

Esse movimento cultural também teve o papel de quebrar paradigmas. Naquela época o cinema se resumia a: musicais, comédias, chanchadas e dramas inspirados em Hollywood. Diante disso, os intelectuais começaram a criticar esses filmes, considerando-os de mau gosto, sórdidos e superficiais — eram, em sua maioria, produções da Indústria Cultural, bem como foi observado pelos filósofos Escola de Frankfurt. 

Além do bojo intelectual, o Cinema Novo também lançou algumas novidades tecnológicas: câmeras e equipamentos sonoros mais leves, bem como lentes originais. Isso em meio ao governo de Juscelino Kubitschek com seu programa de “50 anos em 5”. 

Cinema Novo em contraste 

Podemos destacar dois outros movimentos relacionados ao Cinema Novo, para compreendermos as diferenças entre eles: Nouvelle Vague e Neorrealismo Italiano. Esse último surgiu em torno de 1940 e prezava pelo relato dos trabalhadores em um cenário desolado de pós-Segunda Guerra Mundial. O trabalho inclusive deveria ser feito com um orçamento baixo, então os artistas iam às ruas e aproveitavam a luz natural, por exemplo.

Já a Nouvelle Vague surgiu na década de 50, na França, e seu mote era que o artista apresentasse um ponto de vista subjetivo no filme. As temáticas eram triviais, quase sempre com jovens, relacionamentos amorosos e crises existenciais. As irreverências coexistiam com as reflexões. Outros países “pescaram” o termo Nouvelle Vague para caracterizar suas produções cinematográficas, como o Japão.

Portanto, o Cinema Novo se distingue de ambas as correntes. Porém, ele se assemelhava bastante ao Neorrealismo já que era feito com técnicas acessíveis de filmagem e focava em questões sociais e desigualdade — mazelas que não impõem a necessidade de uma guerra para se fazerem presente.

Diretores e filmes em destaque no Cinema Novo

Alguns teóricos atribuem o curta “Arraial do Cabo”, que fará 60 anos desde sua estreia, como o precursor do Cinema Novo. A produção é um documentário sobre pescadores pobres do Rio de Janeiro. Mas que profissionais e produções oficialmente deram início ao movimento?

Glauber Rocha

  • Deus e o Diabo na Terra do sol: foi sua grande produção, tendo a desenvolvido com apenas 24 anos de idade. O filme tem um tom mais revolucionário. Os protagonistas utilizam a violência contra seus opressores e um religioso lidera um movimento contra a igreja.

Nelson Pereira dos Santos

  • Vidas Secas: é um panorama da vida dos retirantes do sertão nordestino. É um filme quase sem poesia, é pura denúncia. O preto & branco de alto contraste expõe com propriedade a aridez daquelas terras.

Ruy Guerra

  • Os Fuzis: é o terceiro filme da trilogia do ouro do Cinema Novo. A história é sobre um grupo de soldados destinados a impedir que civis nordestinos saqueiem armazéns por causa da fome. Guerra se orgulhava de falar da fome em vez de relacionamentos existenciais como a Nouvelle Vague francesa fazia.

Com novos acontecimentos históricos ocorrendo, o cinema nacional chegou a uma nova fase: Cinema Marginal ou “Údigrudi” — uma piada com o termo “Underground”. São basicamente os filmes experimentais, tendo como maior exemplo “O Bandido da Luz Vermelha”. Interessado(a) em contemplar os filmes dessa fase tão rica do cinema nacional? Clique aqui e acesse a uma lista de 10 filmes do Cinema Novo.

 

Luciana
Jornalista e editora, mestre em rádio e televisão.

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