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O Escafandro e a Borboleta

Este não é um livro comum, seu autor não é uma pessoa comum e sua história também não é comum. Na verdade, a história não é muito elaborada, não conta com mistérios, assassinatos, romances, pelo contrário, este livro te prende sem ter nada de muito especial, apenas algumas memórias e fatos do dia-a-dia do autor. Porém, mesmo parecendo pequeno com suas 142 páginas, este livro é de uma grandeza fenomenal, sendo impossível desgrudar os olhos dele até que se chegue a última página.

Seu autor é Jean- Dominique Bauby que foi simplesmente o editor de uma das maiores revistas femininas na França, a Elle. Tinha uma vida perfeita, até que em 8 de dezembro de 1995 ele sofreu um AVE (acidente vascular encefálico) de altíssima gravidade, ficando em coma por 20 dias. Ao acordar, ele foi diagnosticado com a Síndrome de Encarceramento, que provoca a completa imobilização do paciente, exceto muitas vezes por um leve movimento de pálpebra, mas mantém sua atividade intelectual intacta.

Sofrendo então dessa condição rara, Bauby se comunicava com o mundo exterior piscando o olho esquerdo, através de um sistema de comunicação desenvolvido por sua fonoaudióloga, que consistia em recitar as letras em ordem decrescente de freqüência na língua francesa. Assim, durante dois meses, ele recitou com o olho esquerdo cada uma dessas palavras, contando sua experiência no hospital e compartilhando a experiência de seu encarceramento.

Devido a isso, a linguagem é clara e sem floreios, mas não segue uma seqüência cronológica, mesclando as lembranças dele com os acontecimentos dentro do hospital, como por exemplo, a visita de um antigo amigo que o fez recordar de algumas aventuras vividas com ele. Cada capítulo procura além dos fatos, também as emoções e reflexões dele naquele momento. Segundo ele, cada frase do livro foi pensada e repensada diversas vezes como o único modo de manter sua sanidade, que poderia ser comprometida devido a falta de comunicação com o mundo exterior.

Essas características deram origem a um livro que é mais do que uma memória ou um diário, é tão somente uma forma de libertação, um jeito que ele encontrou de sair do seu escafandro de carne e voar como uma borboleta.

Por Júnior Nascimento

Luciana
Jornalista e editora, mestre em rádio e televisão.

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