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Eu me pergunto… Jostein Gaarder

De modo geral, três opiniões surgem quando se fala em Filosofia: 1 – “Nossa, é muito difícil! Nem todo mundo é capaz de estudar coisas assim.”; 2 – “Ah, isso aí para quem não tem muito o que fazer, fica divagando.”; e 3 – “Filosofia é importante, mas tem que ter maturidade, para crianças não se deve ensinar.”  Eu não vou entrar em nenhuma discussão sobre o que é Filosofia, muito menos sobre uma questão filosófica específica. Mas devo dizer, não concordo com nenhuma dessas três opiniões. Desde criança gosto muito de ler e o próprio hábito da leitura nos faz refletir sobre a vida, a morte, questões existenciais. Sem a necessidade de ter um conhecimento acadêmico, isso já é filosofar. Mas foi durante a adolescência, lendo um livro muito especial, chamado “O Mundo de Sofia” que me deparei com todo um encadeamento de ideias, com teorias de grandes pensadores, com a história das correntes filosóficas, entre outras coisas. Mas tudo isso de uma maneira relativamente simples, em forma de um romance, que pessoas da minha idade na época conseguiam (conseguem) compreender perfeitamente bem. Até hoje esse é um livro que recomendo (para adultos também), mas é sobre outro livro do mesmo autor, Jostein Gaarder, que venho falar dessa vez.

Fiquei encantada por esse escritor ao ler “O Mundo de Sofia”. Na época, me impressionou a capacidade dele falar sobre tanta coisa de uma maneira, digamos, tão livre. Jostein Gaarder é um escritor e professor norueguês que estudou Filosofia, Teologia e Literatura. Ele tem vários livros publicados e traduzidos para diversas línguas e todos – pelo menos todos que já li – apresentam, em alguma medida, reflexões um pouco mais filosóficas. Grande parte desses livros é direcionada ao o público infanto-juvenil, o que reforça a ideia do escritor de que a Filosofia está ao alcance de todos e de que, especialmente as crianças, questionadoras como são, estão muito mais próximas de entender os mistérios do universo.

Mas o livro “Eu Me Pergunto…”, publicado pela Companhia das Letrinhas em 2013, longe de trazer qualquer resposta, oferece, na verdade, uma série de perguntas. Trata-se da história de um garoto que enquanto caminha por lugares conhecidos e relembra momentos que parecem tão remotos, se faz várias questões. São perguntas aparentemente simples e bobas à primeira vista (especialmente à vista de um adulto). Mas duvido que qualquer pessoa possa responder prontamente questões como “Tudo o que já aconteceu, desapareceu para sempre?” ou “Como funciona esse grande depósito que tenho na cabeça? Como faço para tirar as palavras de lá?”. Enquanto faz o seu caminho, o garoto percebe que são respostas que ele terá que buscar dentro e fora de si e que isso é só o começo.

A história do livro não seria completa sem as lindas ilustrações de Akin Düzakin. Ele é um ilustrador e escritor de livros infantis, nascido na Turquia. Seus desenhos nesse livro, mais que ilustrar uma história, ajudam a contá-la. Não consegui encontrar a informação sobre se o livro foi pensado pelos dois, em conjunto, ou não. Considerando a possibilidade de que não é assim, pois os créditos de autoria são para Jostein Gaarder, é impressionante perceber a sensibilidade de Düzakin em praticamente inventar uma história a partir do que Gaarder escreveu.

“Eu me pergunto…” é um livro para crianças. E eu realmente penso que devemos estimular nossos filhos, sobrinhos, alunos a reflexões desse tipo. Mas é um livro que também estimula qualquer adulto que ainda tenha um mínimo de curiosidade dentro de si e sabe que toda pergunta é importante para chegar onde se quer chegar.

 

 

Eu me pergunto…

Autor: Jostein Gaarder

Ilustrador: Akin Düzakin

Editora: Companhia das Letrinhas

Páginas: 69

Ano: 2013

One thought on “Eu me pergunto… Jostein Gaarder

  1. Passei pela mesma coisa que você, não ligava para Filosofia no colégio, mas quando tive a oportunidade de ler O Mundo de Sofia, que surgiu bem por acaso, me surgiram muitas questões que não tinha parado para pensar antes.Fui buscar outros livros do Jostein Gaarder para ler, um melhor que o outro, e como você disse, ele coloca as questões mais filosóficas ao alcance de todos em uma linguagem praticamente simples. É meu escritor preferido!

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