Tempos fraturados

Até ler este livro, eu não conhecia Eric Hobsbawm. Fiz minha lição de casa e busquei mais informações sobre ele. Alguns artigos, como este da Revista Veja, o classificam como o historiador comunista, ao invés de o ressaltar como um dos melhores historiadores atuais. Falecido em 2012 e de nacionalidade britânica, lecionou em universidades americanas como Cornel, Stanford e MIT. Escreveu mais de quinze livros em os quais falava mais sobre a classe trabalhadora, algo que o fazia diferenciar de outros historiadores que privilegiavam escrever a classe alta.

Tempos fraturados foi lançado em 2012 pela Editora Companhia das Letras  e é uma coletânea de artigos de Eric. Os artigos são de diversos assuntos, mas todos são direcionados às mudanças da sociedade com o aumento da classe burguesa e quais as consequências desta mudança.

Cada capítulo trata de um tema diferente, como: arquitetura, música, o papel da mulher, festivais, política e outros. O capítulo 9 sobre as mulheres me interessou, pois o autor narra brevemente o tardio início da atuação feminina nas cidades e como este processo ocorreu. Esta atuação pode ser esclarecida melhor neste trecho: “Nada disso significa que as mulheres de 1880-1914 tentassem imitar, menos ainda ser, homens.” (pg 141). Eu não sou feminista mas consigo entender de uma forma mais clara o motivo de ainda existir diferenças claras entre os homens: há apenas 100 anos, aproximadamente, as mulheres começaram a se integrar em papéis similares aos dos homens.

O capítulo 2, Para onde vão as artes, enfatiza a dependência que arte e cultura têm sobre as tecnologias atualmente. A expressão da arte por ela mesma, conforme explica o autor, não é encontrada de maneira tão fácil. A arquitetura, no entanto, continuará a se mostrar em belos edifícios e os livros também não desaparecerão, mesmo com a influência da internet.

Pensar sobre uma sociedade requer pensar sobre o gênero, cultura, religião das pessoas. Eric Hobsbawm escreve em algumas palavras o que pode ser considerado uma encantadora visão do ser humano. “E, se as pessoas não forem julgadas pela cor da pele, pela língua que falam, pela religião que praticam, e coisas do gênero, mas por seus talentos e conquistas, então há motivo de esperança.” (pg 53).

Luciana
Jornalista e editora, mestre em rádio e televisão.

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