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Memórias de um Vendedor de Mulheres

Memórias de um Vendedor de Mulheres (Giorgio Faletti, Ed Intrínseca) é um livro de suspense que promete deixar o leitor grudado nas páginas. Inicio minha resenha com essa frase porque quando peguei o livro, não dava nada por ele. Mas antes de falar do livro, acho melhor explicar porque minha decepção inicial, para então falar porque mudei de opinião.

Há pouco mais de um ano tive a oportunidade de ler outro livro do autor, Eu Sou Deus, e honestamente não gostei do livro nem um pouco. Apesar de escrever bem, o autor não soube trabalhar as personagens, exagerando em detalhes sem importância em um livro policial. Apesar da história ser interessante, o livro acabou perdendo o foco em muitas partes e, por consequência, cansativo.

Por isso, quando abri o pacote e dei de cara com o livro, fiquei muito, mas muito decepcionada. Só pensava em Eu Sou Deus e como esse livro poderia ser tão ruim quanto o outro. Mas como sempre, tentei “não julgar o livro pela capa” (nesse caso, pelo autor), e na volta para casa comecei a ler. Ainda bem que dei essa chance, pois tive uma bela surpresa.

O modo de escrever de Faletti em Memórias de um Vendedor de Mulheres é igual ao Eu Sou Deus, mas dessa vez funcionou. O livro é um relato da vida de Bravo, um cafetão de Milão que trabalha com prostitutas de luxo. Suas garotas são bonitas, educadas e discretas, assim como Bravo. Seu modo de trabalhar é evitar o máximo possível o nome de seus clientes, esse é segredo de fidelização da maioria da clientela, que não pode ser descoberta pela mídia.

Na vida pessoal, Bravo mantém um pequeno segredo: quando jovem se envolveu com uma mulher e acabou sendo castrado. Isso mesmo, ele teve seu órgão genital cortado. Isso fez com que Bravo revesse seu modo de ver a vida. Ele não se importa muito com ninguém, possui poucos amigos, dos quais fala pouco sobre si mesmo e não se permite ter uma relação muito próximas das pessoas. Uma das poucas exceções é seu vizinho Lúcio, um cego que adora desafiar, e ser desafiado por Bravo, com criptogramas.

A vida de Bravo tem uma reviravolta após conhecer Carla, uma mulher bonita que faz com que nosso mocinho nada convencional volte a ter seu coração batendo mais forte. Mas ao mesmo tempo começa a acontecer assassinatos e as evidências levam a crer que Bravo é o autor dos crimes. Sem saber ao certo o que está acontecendo, Bravo tem que descobrir quem está por trás de tudo isso e porque querem incriminá-lo, antes que ele mesmo seja a próxima vítima.

Só com essa sinopse já se percebe que o livro é bom. E foi assim que comecei o livro, interessada. Mas a medida que os capítulos foram passando, fui vendo que Faletti entendeu onde errou no livro anterior e se esforçou para não cometer o mesmo erro. Enquanto em Eu Sou Deus temos muitas personagens, que entram e saem da história rapidamente, Em Memórias de um Vendedor de Mulheres o autor restringiu um pouco mais e evitou ser criterioso ao falar desses personagens, restringindo as informações de vida e sentimentos das personagens àquelas que estão no centro da história.

Outro ponto fortíssimo, foi quando dar essa informação. Fique boquiaberta ao ver o mistério revelado, mas ainda assim tinha detalhes a serem revelados. Foi aí que revi minha nota junto ao autor, pois ele me espantou em escrever uma história como a de Bravo com tantas surpresas, pois ele poderia parar ali, na solução do problema, mas preferiu solucionar o mistério das personagens, o que acabou sendo o melhor da história.

Para terminar, acho importante tocar em um assunto importante para fãs de livros de suspense e policial: vocês não vão descobrir o assassino ou o motivo, já no início ou no meio do livro. Faletti foi tão meticuloso, que tudo se encaixa no momento certo, não sai esquecendo migalhas onde os espertos encontram rapidinho. Por isso, só dá para terminar a resenha do jeito que iniciei: o livro vai deixar você grudado nas páginas até o final.

Luciana
Jornalista e editora, mestre em rádio e televisão.

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